A caminho dos
Óscares 2025
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Demi Moore ganhou o prémio de Melhor Atriz no Critics Choice Awards na sexta-feira à noite, confirmando o seu estatuto de favorita aos Óscares numa semana que viu o escândalo envolver Karla Sofía Gascón, a sua rival de "Emília Pérez".
A lista de premiados dos Critics Choice Awards é uma 'radiografia' da temporada de prémios de Hollywood... de 10 de janeiro, quando terminou a votação: a cerimónia foi adiada duas vezes da data original de dia 12 por causa dos incêndios que atingiram Los Angeles.
Escolhidos por quase 600 membros da maior organização de críticos da América do Norte, a gala teve uma passadeira vermelha e uma luxuosa festa de gala num antigo hangar de aeroporto em Los Angeles para as celebridades de Hollywood.
AS ESTRELAS NA PASSADEIRA VERMELHA
Numa coroação surpreendente porque tinha perdido em todas as outras categorias onde estava nomeado, "Anora", de Sean Baker, como o Melhor Filme de 2024.
O vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, sobre uma jovem stripper nova-iorquina que se casa com o filho de um multimilionário russo num romance turbulento e condenado, recebeu assim um grande impulso na temporada de prémios e deixou mais baralhadas as previsões para os Óscares: a 5 de janeiro, os prémios rivais dos Globos de Ouro escolheram "O Brutalista", de Brady Corbet, como o Melhor Filme em Drama, e "Emília Pérez", de Jacques Audiard, como o Melhor Filme em Comédia ou Musical.
“Fizemos este pequeno filme com seis milhões de dólares, um orçamento micro”, disse Sean Baker no discurso de vitória.
“Filmámos em rolo, filmámos em Nova Iorque e pusemos todos os dólares no grande ecrã” continuou, sublinhando que “Anora” foi feito para ser visto no cinema.
“Foi nas salas de cinema que todos nos apaixonámos por filmes, perdemos muitas durante a COVID, mas é assim que devemos ver filmes – nas salas locais”, apelou.
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Já a vitória de Demi Moore segue-se à que teve nos Globos de Ouro e coloca-a no caminho certo para coroar um notável renascimento de carreira nos Óscares a 2 de março.
“Esta tem sido uma jornada tão louca. O reconhecimento não só de mim mas do que é este filme, do que está a querer mostrar, é quase como um elixir, uma cura para o problema que o filme salienta.”, disse Moore, 62 anos, que fez uma série de filmes de sucesso na década de 1990, mas que se tornou conhecida nas décadas seguintes tanto pela sua vida amorosa quanto pelo trabalho como atriz.
Isso mudou com "A Substância", um filme de 'body-horror' sobre uma celebridade envelhecida que injeta um soro para viver temporariamente novamente no seu corpo mais jovem.
Referindo-se às representações frequentemente sangrentas e horríveis de corpos deformados no filme, Moore agradeceu aos críticos por recompensarem "este género de filmes de terror, que são esquecidos e não vistos pela profundidade que podem conter".
"A Substância" consolidou-se como um dos grandes vencedores ao conquistar ainda Melhor Argumento Original e Caracterização no evento de gala.
“Este argumento é muito pessoal”, disse a argumentista e realizadora Coralie Fargeat, que usou o filme para expressar os seus medos e a forma como o mundo encara as mulheres mais velhas.
“Quando comecei a chegar perto dos 50 tive esta ideia de que ia desaparecer e queria mostrar ao mundo que não, estamos aqui, e pedir que olhem para nós por quem somos e não pelo que querem que sejamos”, disse Fargeat.
Com Fernanda Torres por "Ainda Estou Aqui", a vitória de Demi Moore ocorreu principalmente às custas de Karla Sofía Gascón, a atriz transgénero espanhola do narcomusical "Emília Pérez", cuja campanha para os Óscares colapsou de forma espetacular na semana passada após ressurgirem mensagens nas redes sociais partilhadas há alguns anos nas quais fazia comentários depreciativos e racistas sobre os muçulmanos, a China e até mesmo sobre os próprios Óscares.
Desde então, a Netflix, distribuidora do filme nos EUA, removeu-a da sua campanha para as estatuetas douradas e o realizador Jacques Audiard distanciou-se da sua protagonista pelos seus comentários “absolutamente odiosos” e “imperdoáveis”.
A atriz esteve ausente dos Critics Choice Awards e quando o seu nome foi lido entre as nomeadas, o público geralmente comemorativo de Hollywood ficou visivelmente silencioso.
Durante o seu discurso, Moore referiu-a pelo nome ao agradecer às outras nomeadas, um grupo que juntava ainda Marianne Jean-Baptiste ("Hard Truths"), Angelina Jolie ("Maria"), Mikey Madison ("Anora") e Cynthia Erivo ("Wicked").
Mas ela não foi mencionada nos discursos no palco de Audiard ao receber o prémio de Melhor Filme Internacional por "Emília Pérez", ou por Zoë Saldaña, que ganhou o prémio de Melhor Atriz Secundária, que elogiou o percurso do 'pequeno filme' que conseguiu chegar longe, dizendo esperar que o seu impacto torne as pessoas mais abertas umas com as outras.
O filme ganhou um terceiro prémio pela canção "El Mal”.
Um representante da Netflix disse à France-Presse que esperavam que "as ações de uma pessoa" não "afetem todo o filme", que ainda está na disputa pelo prémio de Melhor Filme nos Óscares e tem mais 12 nomeações.
Essa corrida pelo mais cobiçado prémio de Hollywood está excecionalmente em aberto este ano.
Vários outros candidatos também obtiveram vitórias importantes.
Repetindo a vitória dos Globos, Adrien Brody recebeu o prémio de Melhor Ator por "O Brutalista", mas o filme não ganhou mais nada, perdendo o esperado troféu de Melhor Realização para Jon M. Chu por "Wicked", que nem está nomeado na categoria nos Óscares.
“Adoro realizar. Vivemos de contar histórias. Era tudo o que eu queria, fazer filmes com os meus amigos”, disse Jon M.Chu, sentindo-se “privilegiado” por estar ali. “A América é o melhor sítio no mundo onde os sonhos se tornam realidade”, considerou, lembrando-se de como sonhava em fazer filmes enquanto fazia os trabalhos de casa no restaurante dos pais.
A adaptação do musical da Broadway ganhou ainda troféus pela Direção Artística e Guarda-Roupa.
Já "Conclave" ganhou o esperado prémio de Melhor Argumento Adaptado e ainda o de Melhor Elenco.
Já "A Verdadeira Dor" conseguiu dois prémios, para Kieran Culkin como Melhor Ator Secundário e ainda empatando em Melhor Filme de Comédia com "Deadpool & Wolverine".
"Robot Selvagem" foi eleito Melhor Filme de Animação, vencendo "Flow - À Deriva", que se consolidara como o favorito aos Óscares desde que ganhou nos Globos de Ouro e também por ter conseguido uma segunda nomeação nas estatuetas douradas para Melhor Filme Internacional.
Para "Challengers" houve os prémios de Melhor Banda Sonora e Montagem: o filme não recebeu qualquer nomeação nos Óscares.
"Dune - Duna: Parte Dois" venceu apenas em Melhores Efeitos Visuais e "Nosferatu" em Melhor Fotografia, enquanto a também cantora Maisy Stella foi eleita a Melhor Revelação pela interpretação em "My Old Ass".
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Do lado televisivo, "Shōgun", que liderava com seis nomeações, ganhou Melhor Série de Drama e Ator para Hiroyuki Sanada, como acontecera nos Globos, mas também tanto Ator Secundário para Tadanobu Asano e Atriz Secundária para Moeka Hoshi.
Apenas lhe escapou Melhor Atriz em Drama, onde Anna Sawai foi ultrapassada pelo regresso de Kathy Bates numa reinvenção de "Matlock"
Para "Hacks" houve três prémios, para Melhor Série de Comédia e, no mesmo género, Melhor Atriz para Jean Smart e Atriz Secundária para Hannah Einbinder.
"Ninguém Quer Isto" valeu a Adam Brody o prémio de Melhor Ator em Comédia e "Terapia Sem Filtros" valeu a Michael Urie a vitória no mesmo género como Ator Secundário.
Colin Farrell foi votado o Melhor Ator em Minissérie por "The Penguin", com a colega Cristin Milioti a vencer em Melhor Atriz.
Mas Melhor Minissérie foi para o fenómeno da Netlix "Baby Reindeer", que também ganhou Melhor Atriz Secundária com Jessica Gunning.
O Melhor Ator Secundário em Minissérie ou Telefilme foi Liev Schreiber por "O Casal Perfeito".
"Rebel Ridge", da Netflix, foi eleito o Melhor Telefilme e a segunda temporada de "Squid Game" a Melhor Série Estrangeira.
A Melhor Série de Animação foi "X-Men ’97".
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