O filho do realizador, José Manuel Oliveira, disse hoje à agência Lusa que se gorou, por falta de acordo, a hipótese de transferência do acervo cinematográfico para o edifício construído para o efeito pela Câmara do Porto, projectado pelo arquiteto Souto Moura.
José Manuel Oliveira disse também que o seu pai não foi contactado por ninguém quanto à hipótese de instalação do acervo no futuro pólo da Cinemateca no Porto, aprovado há um ano pelo Conselho de Ministros para a Casa das Artes, outra obra de Souto Moura.
“Isso nunca foi discutido com o meu pai. Não houve nada”, afirmou José Manuel Oliveira, referindo que parte do acervo continua na casa de Manoel de Oliveira e a outra ao cuidado do Museu de Serralves.
Segundo o filho do cineasta, foi feito “um acordo com Serralves, por uma questão de conservação” da parte do acervo que estava num apartamento há mais de 10 anos.
Manoel de Oliveira responsabilizou em Setembro de 2007 a Câmara do Porto pelo fracasso da criação de uma casa-museu reunindo todo o seu acervo cinematográfico.
“Quando, em 2003, o edifício ficou concluído, a Câmara do Porto enviou funcionários seus para transportarem, sem aviso e sem consentimento de
Manoel de Oliveira, o material que compõe o vasto acervo cinematográfico deste", salientou então o advogado do cineasta, em comunicado enviado à Lusa.
Avisado por um porteiro, “
Manoel de Oliveira chegou a tempo de impedir este abuso, informando que nada sairia do local onde esse material se encontra (e cujos custos Manoel de Oliveira suporta na íntegra há mais de uma década) enquanto não fosse alcançado um entendimento entre si e a Câmara do Porto", acrescentou o advogado.
No mesmo comunicado, o realizador reafirmou a sua disponibilidade para doar à cidade onde nasceu o seu acervo cinematográfico, constituído por "elementos fílmicos e biográficos" e pela "totalidade" dos cerca de 80 prémios recebidos.
Manoel de Oliveira recordou que manifestou a vontade de doar o seu acervo "ainda nos anos 1990", quando a Câmara do Porto era presidida por Fernando Gomes (PS), tendo a autarquia "acolhido de braços abertos a ideia", propondo, "em contrapartida, a construção de um edifício de raiz, projectado por um conceituado arquitecto".
A hipótese de o acervo de
Manoel de Oliveira ser instalado no futuro pólo da Cinemateca no Porto foi colocada em Novembro de 2009 pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.
"Não quero adiantar as negociações que vou desenvolver com o
Manoel de Oliveira e com a Câmara do Porto, mas a minha intenção era que a Cinemateca do Porto fosse também a casa onde estivesse o espólio do
Manoel de Oliveira", revelou a ministra.
@Lusa
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