O filme “A Flor do Buriti” foi distinguido na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cinema de Cannes, na sexta-feira, com o prémio de Melhor Equipa, distinguindo assim não só os realizadores, João Salaviza e Renée Nader Messora, mas também o povo Krahô, do Brasil, que protagoniza a obra.

"Foi para mim um privilégio assistir esta semana à estreia mundial do filme e testemunhar a emoção que ele provocou na sala inteira, pelo olhar cuidadoso, a partir de dentro, que a obra constrói sobre a comunidade indígena Krahô, no Estado de Tocantins, no norte do Brasil", escreve Pedro Adão e Silva numa mensagem publicada na sua página, na rede social Twitter.

João Salaviza e Renée Nader Messora foram hoje distinguidos na mesma secção onde, em 2018, receberam o prémio especial do júri com o filme “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.

“A Flor do Buriti” foi rodado com o povo Krahô, do Brasil, na terra indígena Kraholândia, onde já tinham feito “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.

Em nota de imprensa, os realizadores lembraram que, “diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre a sua 'terra sangrada', reinventando diariamente as infinitas formas de resistências”.

Para o Festival de Cannes, o filme presta um “extraordinário tributo à capacidade de resiliência daquele povo indígena e à luta pela liberdade”, enquanto o jornal Le Monde destacou a “grande magia poética”.

O nome do filme faz referência à flor do buriti, um tipo de palmeira selvagem que cresce no Brasil, e que se encontra no meio da comunidade Krahô.

João Salaviza, Francisco Hyjno Kraho, Henrique Ihjac Kraho, Luzia Cruwakwyj Kraho, Débora Sodré e Renée Nader Messora

Esta semana, por ocasião da estreia mundial do filme em Cannes, indígenas brasileiros e membros da equipa do filme manifestaram-se, na passadeira vermelha, pelo direito à terra dos povos nativos do Brasil.

Em 2018, quando da estreia de “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, João Salaviza e Renée Nader Messora, com a sua equipa, também alertaram para "o genocídio dos povos indígenas" no Brasil.

Para o realizador português João Salaviza, esta é a terceira vez que é premiado em Cannes. Em 2009 recebeu a Palma de Ouro de melhor curta-metragem com o filme “Arena”.

O júri da secção “Un Certain Regard” foi presidido pelo ator norte-americano John C. Reilly.

Na sua mensagem, o ministro da Cultura sublinha que o prémio hoje dado a “A Flor do Buriti” é mais um reconhecimento da atual pujança e criatividade dos cineastas portugueses, cuja participação em Cannes foi este ano particularmente diversificada e feliz".

O Festival de Cinema de Cannes, que teve início no passado dia 16, contou com a estreia do filme “As Filhas do Fogo”, de Pedro Costa na seleção oficial, fora de competição.

Na Quinzena de Cineastas, que assinalou os trinta anos da estreia de “Vale Abraão”, de Manoel de Oliveira, Filipa Reis e João Miller Guerra estrearam a segunda longa-metragem de ficção de ambos, “Légua”.

Na iniciativa “La Factory des Cinéastes”, estiveram em foco quatro curtas-metragens, coproduzidas pela Bando à Parte com jovens estruturas, técnicos e realizadores do norte de Portugal.

“Corpos Cintilantes”, uma primeira obra da realizadora Inês Teixeira, sobre a adolescência, foi selecionada para a competição de curtas-metragens da Semana da Crítica.

O 76.º Festival de Cinema de Cannes termina este sábado com o filme de animação “Elemental”, de Peter Sohn.

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