Com uma estrutura narrativa pouco convencional, o filme "Bardo, Falsa Crónica de Umas Quantas Verdades", de Alejandro González Iñárritu, ganhou no sábado oito prémios Ariel do cinema mexicano, incluindo Melhor Realização, confirmou a Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas.

No entanto, foi "El norte sobre el vacío" [Os Céus do Norte sobre o Vazio", em tradução literal], disponível na Amazon Prime Video pelo título "Northern Skies Over Empty Space", da realizadora Alejandra Márquez Abella, que ganhou o Ariel de Melhor Filme, retomando o caso verídico de Alejo Garza Tamez, empresário e caçador que foi assassinado enquanto tentava proteger as suas terras.

A festejar a 65.ª edição, os Prémios Ariel são promovidos e organizados desde 1947 pela Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas, visando reconhecer os realizadores, criadores, intérpretes e técnicos do cinema mexicano.

Inclui ainda a categoria de Melhor Filme Ibro-Americano com o prémio Ariel de Prata, ganho este ano por "Argentina 1985", de Santiago Mitre (a candidatura portuguesa de “Salgueiro Maia – O Implicado” falhou a nomeação).

"Bardo"

A obra de Iñárritu, por ele mesmo definida “não como autobiográfica, mas como autoficção”, conta a história de um famoso jornalista e documentarista mexicano que, ao regressar ao seu país após viver no exterior, se depara com a sua própria identidade, as suas memórias e a nova realidade que rodeia o México.

O filme lançado pela Netflix também levou para casa os prémios de Melhores Efeitos Visuais, Montagem, Fotografia, Direção artística, Guarda-Roupa, Som e Ator, vencido por Daniel Giménez Cacho.

Para Iñárritu ficou a consolação de Melhor Realização.

“Estou muito feliz por partilhar esta nomeação com realizadoras incríveis. O seu talento mostra que, embora apenas 30% dos filmes deste ano tenham sido dirigidos por mulheres, nas nomeações para Melhor Filme e Melhor Realização, , 80% são mulheres”, disse no seu discurso.

“Este filme é sobre uma análise interior, é uma viagem para fora para se reconectar com as raízes”, acrescentou.

O Ariel de Melhor Atriz foi para Arcelia Ramírez pela sua atuação em "La Civil", que aborda a busca desesperada de uma mãe pela sua filha sequestrada.

“Este Ariel é para as mulheres que, infelizmente, neste país procuram os seus filhos desaparecidos”, disse a atriz ao receber a distinção.