O realizador norte-americano Richard Linklater e o seu colaborador de longa data Ethan Hawke juntaram-se novamente para o drama musical de 'uma cena' chamado "Blue Moon", que estreou na terça-feira no Festival de Cinema de Berlim.

Ambientado em 1943, Hawke interpreta o apaixonado e problemático escritor da Broadway Lorenz Hart, cujos créditos incluem "The Lady Is a Tramp" e a música que dá título ao filme.

O argumento denso e lírico mostra Hawke no centro do palco durante quase todo o filme de 100 minutos, que se desenrola como uma produção teatral dentro de um hotel e bar na noite de estreia do musical “Oklahoma!”.

"É basicamente filmado como uma cena. Começa e todos os dominós caem num gesto", disse Hawke aos jornalistas em Berlim esta terça-feira, ao lado de Margaret Qualley: a atriz de "Era uma vez... em Hollywood" e "A Substância" interpreta a sua namorada no ecrã.

Linklater diz que "sempre adorou tanto este período - o teatro musical dos anos 1930 e 40, o seu aspeto artesanal".

O objetivo era produzir um filme que ecoasse as canções escritas por Hart e o seu parceiro, o compositor Richard Rodgers, interpretado no filme pelo ator irlandês Andrew Scott ("Fleabag", "All of Us Strangers", "Ripley").

“O nosso objetivo com este filme era que ele pudesse também ser como uma canção de Rodgers e Hart. Se pudesse ser bela e de certa forma triste e engraçada, tudo ao mesmo tempo”, explicou Linklater.

O cineasta de 64 anos está de volta à Berlinale 11 anos depois de ganhar o Urso de Prata de Melhor Realização, o segundo prémio principal, pelo seu épico intimista "Boyhood: Momentos de Uma Vida", filmado em curtos períodos de tempo ao longo de vários anos e que também contava com a participação de Ethan Hawke.

Política

A dupla de realizador e ator alcançou a fama com o seu trabalho conjunto no drama romântico de 1995 “Antes do Amanhecer”, o primeiro capítulo da trilogia “Before”.

"Blue Moon" é um dos concorrentes mais cotados na competição principal do Festival de Cinema de Berlim deste ano, que exibe principalmente filmes independentes e documentários de todo o mundo.

O evento do ano passado foi ofuscado por uma disputa política na Alemanha causada por críticas de atores e realizadores aos bombardeamentos de Gaza por Israel.

A nova diretora do festival, Tricia Tuttle, prometeu antecipadamente que a Berlinale não "se esquivaria" dos acontecimentos atuais, mas esperava que a agenda de notícias não eclipsa-se as histórias no ecrã.

O júri, liderado pelo cineasta norte-americano Todd Haynes, entregará os prémios na noite de sábado.

No dia seguinte, a Alemanha vai às urnas para as eleições nacionais, com a extrema-direita AfD a subir nas sondagens e a ganhar o apoio entusiástico da administração norte-americana de Donald Trump.

Numa entrevista esta semana à agência France-Presse (AFP), Haynes apelou a Hollywood para resistir a Trump e alertou para o perigo de ser 'contaminado' pelas mudanças radicais em curso nos EUA.

“É um momento terrível em que nos encontramos agora, que exigirá toda a energia para resistir e voltar a um sistema que, por mais falhado que seja, é algo que tomamos como certo como americanos”, disse.