O filme foi feito com um grupo de atores não profissionais que Basil da Cunha conheceu há seis anos, quando foi morar para a Reboleira (Amadora), depois de ter vivido grande parte da vida na Suíça, onde nasceu. É a estreia de
Basil da Cunha nas longas-metragens, depois de ter rodado as curtas-metragens «Nuvem» (2011) e «Os Vivos também Choram» (2012), já exibidos em festivais internacionais.

O realizador, que estudou cinema em Genebra, diz que não se sente muito próximo do cinema português e que o que lhe interessa é o ato de filmar: «O cinema faz-se na rodagem, o momento da liberdade», afirmou à agência Lusa.

Em
«Até ver a Luz», Basil da Cunha filmou um «samurai dos tempos modernos», referindo-se à personagem Sombra, um traficante que, acabado de sair da prisão, se vê numa encruzilhada no bairro degradado onde vive, perseguido pelo líder de um gangue.

Sombra, papel interpretado por Pedro Ferreira, «é uma personagem que está à margem, dentro da margem que é o bairro. É um samurai dos tempos modernos, que só vive de noite; um estranho que não consegue escapar ao destino dele», afirmou Basil da Cunha.

Apesar da violência e do crime retratados, Basil da Cunha olha as personagens a partir de dentro, do universo onde habitam, sem os reduzir a «maus da fita». «Os que vêm de baixo são heróis. Eu vejo personagens a sublimar, com profundidade».