A história tornou-se viral há uma semana: muitos anos antes de Christopher Nolan pensar nele para o papel do Almirante Lewis Strauss em "Oppenheimer", Robert Downey Jr. tentou ser um dos vilões de "Batman - O Início" (2005).

"Tenho a certeza absoluta que ouvi algo do género 'Há este papel, o do Espantalho', e eu reagi com algo do género 'Pois claro, eu sou o Espantalho'", contou o ator durante uma entrevista sobre a sua carreira num cinema de Los Angeles após a exibição do filme que o colocou na corrida ao Óscar de Melhor Ator Secundário.

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O encontro com Nolan não levaria a lado nenhum e Downey Jr. percebeu logo isso: "Recordo-me de nos encontrarmos para um chá e pensar 'Ele não parece estar realmente interessado neste encontro'. E ele foi educado e tudo isso, mas... conseguimos perceber quando alguém está a pensar 'Não vai ser para ti'".

Ironicamente, o papel iria para Cillian Murphy, o seu colega no filme que está na corrida a 13 Óscares, marcando o início da colaboração artística do ator irlandês com o realizador britânico.

"Sabia com 100% de certeza que não eras o indicado [para o Espantalho]. Na minha cabeça, esse já estava escolhido. Mas sempre quis conhecer-te… Era um grande admirador teu e por isso, egoisticamente, queria ter aquele encontro", disse Nolan sobre o seu lado da história com quase 20 anos numa conversa recente com o ator para o jornal The New York Times.

E acrescentou: "Mas também tinha um bocado de medo de ti. Tinha ouvido todo o tipo de histórias sobre como eras louco. Isto foi apenas alguns anos depois da última daquelas histórias que tinham saído sobre ti".

Tudo aconteceu numa altura em que Downey Jr. estava a reconstruir a carreira após os problemas com a dependência das drogas que o levaram a cumprir duas pena de prisão, primeiro de 15 meses, a seguir de mais quatro, e alguns anos antes de se tornar o protagonista de "Homem de Ferro" (2008), o primeiro realizado do Universo Cinematográfico Marvel, realizado por Jon Favreau.

No início do mês, Nolan contou ao apresentador Stephen Colbert que foi uma das decisões de maior impacto na história de Hollywood e voltou a repeti-lo durante a conversa.

"A verdade é que penso que o Jon Favreau ter escolhido o Robert como Tony Stark é uma das decisões de casting mais significativas e consequentes da história de Hollywood. Acabou por definir a nossa indústria. Saindo da COVID-19, fica-se a pensar ‘Graças a Deus pelos filmes da Marvel’. E é um daqueles [papéis] em que, olhando para trás, todos pensam que era óbvio. Mas ele correu um risco enorme ao escolhê-lo", explicou.

Frustrado o encontro em "Batman - O Início", tudo se alinhou para “Oppenheimer” e Downey Jr. é visto como o grande favorito na sua categoria para ganhar o Óscar.

Nolan resumiu como o casting finalmente se proporcionou: "Procuramos sempre trabalhar com grandes atores, mas também tentamos apanhá-los num momento das suas vidas e carreiras onde temos alguma coisa para lhes oferecer que não tenham feito antes, ou não o fizessem há muito tempo. Realmente queria ver esta incrível estrela de cinema abandonar toda aquela bagagem, aquele carisma, e simplesmente deixar-se ir na representação dramática de um homem muito complicado. Sempre quis trabalhar com ele, a sério. Assim que parei de ter medo dele”.

A cerimónia dos Óscares está marcada para 10 de março em Los Angeles.