Quatro filmes portugueses, produzidos entre as décadas de 1930 e 1960, recém-digitalizados no âmbito do projeto FILMar, e assim recuperados para exibição, vão ser apresentados no festival IceDocs, em Akranes, na Islândia, anunciou a Cinemateca Portuguesa.

"A indústria baleeira", de João César de Sá (1932), "Erupção vulcânica dos Capelinhos, Faial, Açores", de Raquel Soeiro de Brito (1958), "A Almadraba Atuneira", de António Campos (1961), e "Albufeira", de António de Macedo (1968), são os quatro filmes escolhidos pela Cinemateca para o festival islandês de cinema documental.

Estas quatro produções "estarão em diálogo com filmes islandeses, num trabalho de cooperação bilateral com um dos países financiadores" do projeto FILMar, "de digitalização e promoção do património fílmico relacionado com o mar", através Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), para o qual contribuem a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.

"A Almadraba Atuneira" e "Albufeira" serão exibidos "em locais míticos da comunidade piscatória, como no centenário farol de Akranes, no histórico cinema Bíóhöllin, inaugurado em 1942, e no recentemente inaugurado Breio Research and Innovation Center", indica a Cinemateca em comunicado.

Os filmes estarão em diálogo com produções islandesas do arquivo Icelandic Film, "com o qual o FILMar partilhará experiências de preservação, digitalização e promoção a partir do trabalho já desenvolvido".

"A Almadraba Atuneira" e "A indústria baleeira" serão contextualizados com "Sea Harvest" (1939), de Loftur Guömundsson (1892-1952), "um dos históricos e pioneiros documentaristas islandeses", adianta a Cinemateca.

"Erupção vulcânica dos Capelinhos, Faial, Açores" será apresentado com filmes de arquivo sobre erupções vulcânicas suas contemporâneas, num cineconcerto com a participação do DJ Flugvél.

As projeções dos filmes portugueses no IceDocs acontece entre quarta-feira e domingo, 23 de julho.

O programa da representação da Cinemateca Portuguesa em Akranes inclui ainda uma conferência coorganizada com o Icelandic Film Archive, em que participa o coordenador do FILMar, Tiago Bartolomeu Costa.

Em abril, numa parceria com a Noruega, a Cinemateca apresentou na congénere de Bergen três filmes já digitalizados: “Armazéns frigoríficos do Porto”, de Adolfo Quaresma (1939), e “Tráfego e estiva”, de Manuel de Guimarães (1968), além de “A Almadraba Atuneira”.

No final do primeiro trimestre, a Cinemateca contava 95 filmes portugueses digitalizados, no âmbito do projeto, o que representava cerca de metade dos 10.000 minutos estipulados no programa de digitalização, como disse na altura à agência Lusa Tiago Bartolomeu Costa.

O FILMar é um projeto da Cinemateca Portuguesa, com financiamento de 880.000 euros, iniciado em fevereiro de 2020 e tem como missão digitalizar e preservar 10.000 minutos de filmes do cinema português cuja temática esteja relacionada com o mar.

Em três anos de funcionamento foram digitalizados 5.720 minutos, referentes a 18 longas-metragens e 77 curtas-metragens, segundo os números de março passado, que ainda não incluíam "muitos títulos já em trabalho”, como explicou então o coordenador.

O projeto FILMar terminará em 2024, e a Cinemateca conta concluir a digitalização dos 10.000 minutos previstos até ao próximo dia 30 abril.

O objeto do FILMar é o cinema português que está em depósito no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, da Cinemateca Portuguesa. A par da digitalização prevê a divulgação dos filmes abrangidos.