O filme, que tem como base o conto "Tragédia de D. Ramon", presente no livro "Caminhos Magnéticos", de Branquinho da Fonseca, desenrola-se num único dia da vida da personagem Raymond, interpretada por Dominique Pinon, um parisiense que vive em Portugal há 40 anos e que descobre na noite do casamento da filha que "o dinheiro não é tudo", disse à agência Lusa o realizador Edgar Pêra.

No dia do casamento da filha, Raymond martiriza-se por ter consentido a união da sua filha a um homem rico sem escrúpulos e toma "medidas desesperadas para dar um fim ao casamento".

A expressão "o dinheiro não é tudo" surge como um ‘slogan' no filme, que será dito por Ney Matogrosso, que, em "Caminhos Magnéticos", é uma "espécie de consciência que vai atormentando" Raymond, segundo Edgar Pêra.

"É um pau de dois bicos. A expressão faz todo o sentido, mas para quem não tem dinheiro nenhum, torna-se uma afronta. É um paradoxo", nota Edgar Pêra, considerando que o conto de Branquinho da Fonseca "exprime esse dilema sem proselitismo".

O pano de fundo é um Portugal "40 anos depois do 25 de Abril", a viver um clima de guerra civil, com um regime militarizado e em que a ponte com o nome da data da Revolução dos Cravos se chama "25 de Novembro".

No entanto, sublinha o realizador, o filme, apesar de ter "um substrato político", "é sobretudo um filme poético, mais do que outra coisa, e plástico", realça.

"O Branquinho da Fonseca tem uma escrita muito adequada aos tempos de hoje. É como se estivéssemos na cabeça de alguém. Deixa ao leitor um espaço de imaginação e combina muito bem o sentido de humor dele com um sentido trágico", bem como a mistura do "realismo com o surrealismo", conta o realizador.

Em "Caminhos Magnéticos" há "toda uma estética de teatro mental", cuja pesquisa começou no "Barão" - outro filme com base na obra de Branquinho da Fonseca.

Segundo Edgar Pêra, o filme "joga muito com tudo aquilo que não é realista, com o território da imaginação", sendo que os interiores são todos em estúdio, com imagens projetadas.

"Há toda uma ideia de encenação plástica. Se queremos entrar na cabeça de uma pessoa, o tipo de imagens não são as imagens convencionais. Neste caso, contrapõem-se universos diferentes", refere.

As rodagens em Guimarães arrancam na segunda-feira e estendem-se até 06 de maio, contando com a participação de Dominique Pinon e de Ney Matogrosso a partir de terça-feira.

No elenco, participam, entre outros, Paulo Pires, Teresa Ovidio e Iris Cayatte.

O produtor é Rodrigo Areias, a direção de fotografia está a cargo de Jorge Quintela e o filme vai contar com a participação na banda sonora de artistas nacionais como Tó Trips, Jorge Prendas, Legendary Tigerman ou Bezegol.

Este é o terceiro filme de Edgar Pêra que se baseia na obra do escritor Branquinho da Fonseca, depois de "Rio Turvo", em 2007, e de "Barão", em 2011.

"Caminhos Magnéticos" tem estreia prevista para 2018.

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