O apelido não engana: Marcia Lucas esteve casada com George Lucas entre 1969 e 1983.

Mas ela também foi uma das suas maiores colaboradoras, com vários livros e documentários, incluindo "How Star Wars Was Saved in the Edit" [Como 'Star Wars' foi salvo na sala de montagem], a mostrarem como teve um papel decisivo ao transformar a versão em bruto de George Lucas do filme de 1977 naquilo que hoje é conhecido por milhões de fãs.

A Guerra das Estrelas

As más línguas dizem que o realizador não voltou a fazer nada tão bom como nos anos em que esteve casado com Marcia Lucas, que editou o seu primeiro filme, "American Graffiti: Nova Geração" (1973), ganhou o Óscar de Melhor Montagem com o primeiro "Star Wars" e esteve envolvida nas sequelas "O Império Contra-Ataca" (1980) e "O Regresso de Jedi" (1983).

Com essa credibilidade, Marcia Lucas revelou que ficou "furiosa" com os filmes mais recentes, que a fizeram perceber que a produtora Kathleen Kennedy e o realizador e argumentista J.J. Abrams "não percebem" o fenómeno "Star Wars".

"Gosto da Kathleen. Sempre gostei dela. Era muito inteligente e brilhante. Uma mulher realmente maravilhosa [...] Agora que ela está à frente da Lucasfilm e a fazer filmes, parece-me que a Kathy Kennedy e o J.J. Abrams não fazem ideia do que é 'Star Wars. Não percebem'", explica numa entrevista para o livro "“Howard Kazanjian: A Producer’s Life", do falecido historiador "Star Wars" J.W. Rinzler, cujos excertos tornaram-se virais nas redes sociais nas últimas horas.

O Despertar da Força

As críticas foram mais longe: "E J.J. Abrams está a escrever estas histórias. Quando vi este filme ['O Despertar da Força', 2015] em que eles matam o Han Solo, fiquei furiosa. Fiquei furiosa que tenham morto o Han Solo. [...] Não havia razão para isso. Pensei 'Vocês não percebem a história Jedi. Vocês não percebem a magia de 'Star Wars'. Estão a livrar-se do Han Solo? E depois, no final deste último [a entrevista foi feita após 'Os Últimos Jedi', de 2017, e antes de 'A Ascensão de Skywalker', de 2019], desintegram o Luke. Mataram o Han Solo. Mataram o Luke Skywalker. E já não têm a Princesa Leia. E estão a despejar filmes todos os anos".

"E eles acham que é importante atrair o público feminino, portanto agora a sua personagem principal é esta mulher [Rey], que supostamente tem poderes Jedi, mas não sabemos como ela tem poderes Jedi, ou quem ela é. É uma porcaria. As histórias são péssimas. Simplesmente péssimas. Horríveis. Podem citar-me - ‘J.J. Abrams, Kathy Kennedy - falem comigo", remata.

A Ameaça Fantasma

Noutro ponto do livro, Marcia Lucas conta a reação devastadora que teve ao ver "Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma" (1999), o primeiro filme das prequelas de George Lucas, que descreve como sendo, "na sua alma e coração, boa pessoa e um cineasta talentoso. Gostava que ele tivesse continuado a fazer outro tipo de filmes".

"Lembro-me de ir para o parque de estacionamento, sentar-me no carro e chorar. Chorei. Chorei porque não achei que fosse grande coisa. E pensei que [George Lucas] tinha uma veia tão rica para extrair, uma paleta rica para contar histórias [...] Houve coisas que não gostei sobre o casting [dos atores] e coisas que não gostei sobre a história - foram imensas coisas para encher os olhos. Efeitos especiais", sentenciou.

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