Muito antes de Denzel Washington, Spike Lee e Sidney Poitier, gerações de cineastas negros desempenharam papéis fundamentais na formação do cinema americano e no combate aos estereótipos raciais. O tema é o destaque de uma nova e importante exposição em Hollywood.

"Regeneration: Black Cinema 1898–1971" [Regeneração: o cinema afro-americano 1898-1971], inaugurada no domingo no Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em Los Angeles, relembra momentos-chave na história do cinema afro-americano que foram ignorados pelos principais estúdios de Hollywood e pelo público até que caíram no esquecimento.

Imagens de 1898 encontradas recentemente mostram artistas negros de vaudeville [um género teatral] e contam a quase desconhecida história dos "race films" - centenas de filmes independentes feitos por afro-americanos, com negros e para negros, numa época na qual as salas de cinema eram locais de segregação.

"Estão prontos para ouvir um segredo? Nós, os negros, sempre estivemos presentes no cinema americano, desde o início. Não como estereótipos mas como criadores, inovadores e com um público ávido", disse numa conferência de imprensa a cineasta nomeada aos Óscares Ava DuVernay.

Entre os objetos expostos estão o histórico Óscar de Melhor Ator obtido por Poitier em "Os Lírios do Campo" (1963), os sapatos usados por Nicholas Brothers, um trompete tocado por Louis Armstrong e o figurino de Sammy Davis Jr em "Porgy e Bess" (1959).

A ideia da exibição surgiu em 2016, quando curadores encontraram no grande arquivo da Academia os primeiros cartazes de divulgação de filmes com "elenco totalmente afrodescendente".

Cowboys negros

O Óscar conquistado por Sidney Poitier

O público pode ver imagens cuidadosamente restauradas destes filmes, incluindo o musical do oeste "Harlem on the Prairie" (1937), os 'gangsters' de "Dark Manhattan" (1937) e a comédia "Mr Washington Goes To Town" (1941).

Muitas produções perderam-se para sempre e os seus cartazes são "uma espécie de prova de que existiram", explica a co-curadora, Rhea Combs.

Enquanto os filmes de maior sucesso em Hollywood colocavam os atores negros em papéis como "mordomos e cuidadoras de crianças", os "race films" faziam-nos brilhar como "advogados, médicos e cowboys", conta Berger.

"Esta é uma prova de que [Hollywood] pode ter sido muito mais enriquecedor e emocionante", destaca.

A exibição também retrata a ascensão do género Blaxplotation [exploração negra] no início da década de 1970, que teve como pioneiro Melvin Van Peebles, que, como Poitier, morreu meses antes da inauguração da exposição.

A exposição é um grande evento para a Academia, que nos últimos anos teve que lidar com acusações de falta de diversidade. Um movimento nascido em 2015, #OscarsSoWhite [Óscar muito branco], também a criticou pela escassez de nomeados negros. Desde então, o cinema esforça-se para cumprir a promessa para multiplicar o número de negros, mulheres e minorias.

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