O Festival de Berlim começa na quinta-feira (20) a sua 70ª edição com os filmes mais recentes de cineastas veteranos como Abel Ferrara.
Sem filmes portugueses na disputa pelo Urso de Ouro, destaca-se a representação de "Todos os Mortos", dos brasileiros Marco Dutra e Caetano Gotardo, ambientado no fim do século XIX, poucos anos após o fim da escravidão, no qual participa a atriz portuguesa Leonor Silveira.
A entrega dos prémios está marcada para 29 de fevereiro pelo júri presidido por Jeremy Irons.
No total, 18 filmes aspiram ao prémio máximo do festival, famoso por abordar questões sociais. Abel Ferrara exibirá "Siberia", com Willem Dafoe, enquanto Javier Bardem, Elle Fanning e Salma Hayek protagonizam "The roads not taken", da britânica Sally Potter.
A americana Kelly Reichardt, figura importante do cinema independente, competirá com "First Cow" e o iraniano Mohamad Rasoulof, impedido pelo seu governo de deixar o país, está na disputa com "There is no evil".
Os tons sombrios predominam nesta edição.
"Talvez porque os filmes que selecionamos tendem a observar o presente sem ilusões, não para provocar medo e sim porque desejam abrir os nossos olhos", explicou Carlo Chatrian, o novo diretor do festival ao lado de Mariette Rissenbeek.
A atriz britânica Helen Mirren receberá um prémio honorário e outras duas mulheres terão presença importante no evento: a australiana Cate Blanchett apresentará a minissérie "Stateless", sobre migração, e Hillary Clinton é aguardada no festival para a exibição do documentário "Hillary".
Os novos diretores, que assumiram o lugar de Dieter Kosslick, que passou 18 anos no cargo, prometeram refletir a diversidade não apenas na seleção dos filmes, mas também entre os seus autores.
Dos 18 filmes na mostra oficial, seis são dirigidos ou codirigidos por mulheres, um índice menor que o recorde do ano passado (45%), mas acima do registado em Cannes e sobretudo em Veneza, cuja edição de 2019 tinha apenas duas realizadoras entre 21 filmes.
"Seis filmes não é paridade, mas é um bom caminho para alcançá-la", declarou Chatrian.
A Berlinale criou este ano uma nova mostra, "Encontros", para dar espaço às obras mais ousadas de cineastas "inovadores", onde será exibido em estreia mundial o filme “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos.
Nas outras seções, e em português, a Berlinale vai exibir o documentário “Apiyemiyekî?” (que significa “porquê”), uma coprodução entre Brasil, França, Holanda e Portugal, na Fórum Expandido.
Nesta secção do festival será também exibido o filme “Crioulo Quântico”, da portuguesa Filipa César, uma coprodução entre Alemanha, França, Portugal, Espanha, cuja seleção tinha já sido anunciada pelo festival alemão, no passado mês de dezembro.
Ainda no que respeita a participações nacionais, fazem parte do programa de Talentos do festival três profissionais portugueses: a ‘sound designer’ Joana Niza Braga (que trabalhou em filmes como “Variações”, “Colour Out of Space” ou “Free Solo”, que venceu o Óscar para Melhor Documentário em 2019), o realizador e argumentista José Magro (que criou as curtas-metragens “Viagem”, “Letters from Childhood” e “Rio entre as Montanhas”) e o realizador e editor Paulo Carneiro (de “Bostofrio”).
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