Representantes do cinema ucraniano pediram, esta quinta-feira (19), em Cannes, a exclusão total dos filmes russos a nível internacional, incluindo os de Kirill Serebrennikov, crítico do seu governo, que apresentou um filme na corrida pela Palma de Ouro no dia anterior.

"Realmente acreditamos que tudo o que é russo deve ser suprimido", disse à France-Presse (AFP) Andrew Fesiak, produtor de cinema ucraniano, numa conferência sobre "propaganda russa" no pavilhão dos EUA no Film Market, uma iniciativa para a indústria que decorre em paralelo com o festival.

"Os cineastas russos não podem fingir que tudo está a correr bem, no momento em que os cineastas ucranianos são forçados a parar de fazer filmes porque precisam fugir, salvar as suas vidas ou pegar em armas", comentou.

Sobre a presença na competição do filme "Tchaikovsky's Wife", considerou que o seu realizador, Kirill Serebrennikov, "não é um opositor de todo" e lembrou que "toda a sua carreira foi financiada com dinheiro do governo russo".

O Festival de Cinema de Cannes decidiu não receber delegações oficiais russas ou profissionais russos que defendem a linha do Kremlin sobre a invasão da Ucrânia.

Mas, como outros grandes eventos culturais mundiais, o seu delegado-geral, Thierry Frémaux, defendeu a ideia de receber dissidentes russos na segunda-feira perante a imprensa: "Há artistas russos, jornalistas, que deixaram a Rússia. Kirill Serebrennikov é um homem que considerou que quem não deixou a Rússia se tornou cúmplice desta guerra".

O cineasta russo, também diretor de teatro, vive atualmente em Berlim. No final de abril, ele disse à AFP que deixou o seu país por uma questão de "consciência".

Thierry Frémaux especificou na segunda-feira que um "boicote total" foi solicitado, mas "não das autoridades ucranianas, mas dos ultras, pessoas que são muito radicais".

"É uma posição que posso entender [...] porque são pessoas que estão sob as bombas", declarou.

Andriy Khalpakhchi, diretor do Molodista, festival internacional de cinema de Kiev, disse na quinta-feira que, na sua opinião, não há "bons russos" no momento.

Para ele, Serebrennikov "deveria ter tomado a decisão de não participar do Festival de Cinema de Cannes".

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