A declaração ao SAPO Mag é do programador do Festival de Cinema de Sevilha, que arranca hoje (03/11), com forte presença portuguesa. De acordo com Javier H. Estrada, “o nosso festival sempre mostrou um enorme interesse em cinema português, estamos sempre atentos às obras que surgem, pois consideramos que é uma das cinematografias mais estimulantes da Europa”.

A 14ª edição do evento fica marcada pela assinalável presença lusitana. O festival decorre até ao dia 11 e reúne mais de 200 títulos dedicados maioritariamente ao cinema europeu. Também está prevista uma centena de colóquios com cineastas.

Cinco trabalhos contemporâneos e duas retrospetivas completas, dedicadas a Margarida Cordeiro e António Reis (autor falecido em 1991), numa parceria com a Cinemateca Portuguesa, marcam a participação portuguesa.

O ciclo incluirá todos os filmes dos cineastas e mais uma série de obras relacionadas com este cinema, como “Mudar de Vida” (Paulo Rocha), “Ato de Primavera” (Manoel de Oliveira) e “O Sangue”, de Pedro Costa. Destaque ainda para a curta-metragem de Marta Mateos, “Farpões Baldios”, estreada no Festival de Cannes que, segundo o curador, revisita a obra de Monteiro e Reis dando-lhes uma nova leitura.

O progamador explicou que esta será a primeira retrospetiva integral dedicada a estes cineastas em Espanha. “Sempre admirámos estes filmes. Para nós é um orgulho exibi-los, especialmente quando conectados com as obras de Paulo Rocha, Manoel de Oliveira e Pedro Costa”, disse.

Dos filmes mais recentes, estarão obras com um amplo percurso em certames internacionais, como “A Fábrica de Nada”, de Pedro Pinho, “Colo”, de Teresa Villaverde e “Tarrafal”, de Pedro Neves – ao qual se junta “Ramiro”, de Manuel Mozos, que teve estreia mundia há dias no âmbito do Doclisboa. Todos os realizadores estarão presentes na cidade andaluza.

Um dos mais importantes eventos ligados ao festival é o anúncio dos filmes que concorrerão aos prémios da Academia do Cinema Europeu – entre os quais está o citado trabalho de Pedro Pinho. Diz Javier Estrada: “’A Fábrica de Nada’ foi uma verdadeira revelação, sem dúvida é uma das obras fundamentais de 2017 e abre novos caminhos para a nossa maneira de compreender a realidade. Algo similar podemos dizer sobre ‘Tarrafal’, que reflete com grande profundidade e capacidade poética sobre o passado”.

As honras de abertura caberão a “A Ciambra”, obra de Jonas Carpignano sobre os ciganos do sul da Itália que tem dado o que falar e foi selecionado pelo país para concorrer ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

A seção oficial exibirá os últimos trabalhos de realizadors como Claire Denis, Laurent Cantet, Mathieu Amalric, Valeska Grisebach, Mathieu Amalric, Francis Lee e Roberto de Paolis, entre outros. Uma série de antestreias mundiais de projetos espanhóis também marcam a programação.