“O processo de escolha de filmes foi difícil”, adiantou Bruno Moreira, organizador do festival, já que, na sua primeira edição, o NOMA (No Man is an Island) recebeu mais de 400 candidaturas para oito vagas.

Bruno Moreira falava hoje na sessão de apresentação do festival, que decorre nos últimos cinco dias de julho, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada.

Foram selecionados quatro filmes nacionais, em que se optou “por uma representatividade da cultura dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], expressividade e liberdade sexual relacionada com os direitos das mulheres, os direitos das crianças e da maternidade e a história do colonialismo português”.

Do lado internacional da competição, foram selecionadas outras quatro longas-metragens sobre “escravatura no Brasil, integração das comunidades ciganas na Argentina, o direito à terra como fundamento fulcral da identidade da pessoa” e os direitos de prisioneiros menores de idade.

Há ainda uma “seleção extra de curtas-metragens, porque houve interesse e pedido de várias pessoas para que se mostrassem filmes que tocavam na temática dos direitos humanos, mas que, pela sua dimensão, não podiam entrar a concurso”.

Esta é uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e produzida pela Associação Cultural Silêncio Sonoro.

Para a presidente da autarquia, Maria José Lemos Duarte, o mote do festival, sugere que “a construção do nosso futuro é um processo de imaginação e de ambição coletiva, tão diverso quanto é a humanidade, onde têm de caber todos”.

Também o vereador da Cultura de Ponta Delgada, Paulo Mendes, referiu que, “no concelho de Ponta Delgada, não podemos ficar alheios a esse esforço coletivo”, porque “a defesa dos direitos humanos não tem geografia”.

O autarca destacou que este é um evento de acesso gratuito e que tem “um plano B, perante as circunstâncias da pandemia”, que passa por recorrer às plataformas tecnológicas”, ainda que a expectativa seja “fazer o festival presencial”.

Para Alexandre Pascoal, presidente do Conselho de Administração do Teatro Micaelense, “uma coisa é um filme, outra coisa é cinema, e cinema é a sala”, afirmou, lembrando que este espaço cultural investiu num novo sistema digital para a projeção de filmes.

As longas-metragens exibidas concorrem aos prémios de Melhor-Metragem, no valor de 2.500 euros, Melhor Longa-Metragem Portuguesa, no valor de 1.500 euros, e o Prémio do Público para Melhor Filme, de 700 euros.

Os vencedores poderão ser inseridos numa extensão do festival, nos quatro meses seguintes à sua realização.

O júri do festival é constituído pelo realizador micaelense Diogo Lima, por Ana Margarida Cunha e Silva, da Cooperativa Regional de Economia Solidária Cresaçor, pelo fotojornalista Eduardo Leal, por Joana Sousa, programadora do Doc Lisboa, e pela realizadora Salomé Lamas.

Durante o NOMA, serão também promovidos debates sobre cinema e direitos humanos.