«Polisse», da actriz e cineasta de 35 anos atinge com força o espectador, que se vê no negro mundo da Brigada de protecção de Menores (BPM) e no dia a dia dos seus policiais.

O primeiro dos quatro filmes franceses na disputa pela Palma de Ouro, o terceiro da carreira da realizadora -
Maïwenn Le Besco, conhecida apenas pelo primeiro nome -, é uma viagem ao lado mais pesado da miséria humana, porque suas vítimas são criaturas indefesas.

Na entrevista colectiva, a cineasta, que lutou muito tempo para conseguir receber uma autorização para passar algum tempo com a BPM, disse que testemunhou ou ouviu de policiais tudo o que é retratado no filme.

A ideia de «Polisse», que impressionou os jornalistas e críticos, surgiu ao assistir a um documentário sobre a brigada na televisão francesa. «Adorei a paixão destes policiais pelo trabalho. Compreendi rapidamente que cada um deles tinha boas razões pessoais para estar ali», disse.

Interpretado por actores profissionais - Karine Viard, Joey Starr, Marina Foïs, Nicolas Duvauchelle, Sandrine Kiberlaine - com a excepção de um menino francês que comoveu a sala com as suas lágrimas, o filme tem um ritmo trepidante e a intensidade de um documentário.

«Polisse» é também um reflexo da sociedade contemporânea francesa, mostrando famílias africanas em condições precárias, acampamentos de ciganos e tráfico.

Maiwenn disse ter ficado muito impressionada com a «banalização da sexualidade entre os adolescentes, dispostos a tudo por um telemóvel ou um aparelho de MP3».

Algumas cenas de maior mais impacto são as de pedófilos que tentam minimizar a importância dos seus desvios sexuais, o que provoca a revolta dos policiais.

«Em temas assim é necessário ser preciso, realista e fiel, sobretudo na maneira de mostrar os interrogatórios», declarou a actriz Emmanuelle Bercot, também uma das argumentistas do filme.

SAPO/AFP


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