Aclamado pela imprensa, distinguido por Hollywood, onde irá competir a 22 de fevereiro pelo Óscar de de Melhor Filme Estrangeiro, a primeira vez que tal acontece na história da Mauritânia, «Timbuktu» foi retirado de exibição da sala de cinema de Villiers-sur-Marne, uma cidade a 15 quilómetros de Paris.
A decisão foi tomada pelo presidente da câmara local, Jacques-Alain Bénist, na sequência dos atentados em Paris ocorridos a 7 de janeiro. Embora reconheça não ter visto o filme, o político manifestou preocupação com a possibilidade deste ser mal interpretado pela população mais jovem.
«Tendo em conta dos atentados da última semana em Paris, prefiro que o filme seja acompanhado por um trabalho de pedagogia», afirmou à France 24. «Sei que o filme mostra uma realidade. Uma realidade que corresponde ao que espera os jovens dos bairros desfavorecidos que partem para lutar nesses países. Agora, gostaria que ele também os dissuadisse».
Na verdade um tratado contra o fanatismo religioso, «Timbuktu» descreve as vidas dos habitantes do Mali que vivem sob o jugo jihadista através da história de um homem preso e torturado por um grupo de fanáticos religiosos após ser acusado da morte de um pescador.
Lançado a 10 de dezembro com grande sucesso nos cinemas franceses, onde já vendeu mais de 500 mil bilhetes, após várias exibições em festivais, incluindo no de Cannes, muita da força do drama parte da forma como é retratado esse poder fundamentalista.
Aquando da estreia, o realizador Abderrahmane Sissako explicou que queria «mostrar como o Islão foi sequestrado por pessoas que falam em seu nome e cometem atos contrários à religião. Acho que é importante considerar que essas pessoas, na maior parte das vezes, são jovens perdidos, vítimas de uma parte da sociedade, que se juntam ao Islão não por convicção mas como forma de protesto. São pessoas que se parecem connosco».
Jacques-Alain Bénisti garante que «Timbuktu» será agendado em breve e seguido de um debate com especialistas, incluindo o Imã de Créteil, manifestando ainda o desejo de contar com a intervenção de Abderrahmane Sissako.
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