«Sei que nestes festivais, o público é sempre muito interessado, mas a reação foi extraordinariamente fantástica», afirmou
João Canijo à agência Lusa.
«Sangue do Meu Sangue», estreado na semana passada em Portugal, foi exibido no fim-de-semana no
Festival Internacional de Cinema de Busan, um dos mais prestigiados da Ásia, que decorre até sexta-feira.
«O filme, afinal, é mais universal do que esperava», comentou. A surpresa, no entanto, ia ao encontro do que Canijo já pensava acerca da «universalidade» de alguns filmes portugueses: «Sempre tive essa ideia», disse.
Na sua opinião, «o problema com o cinema português é que não é visto em Portugal. Há filmes muito bons e filmes muito maus. É muito desigual». «Paga o justo pelo pecador», rematou.
O festival de Busan, iniciado em 1995, inclui este ano um ciclo dedicado ao cinema português, com quinze filmes de seis realizadores, desde «O Passado e o Presente», dirigido por
Manoel de Oliveira em 1971, até «Sangue do meu Sangue».
Quatro dos realizadores - João Canijo,
João Pedro Rodrigues,
Edgar Pêra e
João Nicolau - estão presentes no certame e já participaram num debate público.
«Há uma pergunta recorrente: «Porque é que os nossos filmes acabam sempre mal e são tão tristes»? A resposta, também unânime, foi: «É o nosso sentimento em relação ao país que temos»», contou o realizador de «Sangue do meu Sangue».
«É uma coisa que já vem do tempo do Padre António Vieira, passando pelo Eça de Queiroz e o Fernando Pessoa», acrescentou João Canijo.
A singular presença portuguesa em Busan - festival que no ano passado atraiu cerca de 200 mil pessoas - coincide com o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a Coreia do Sul.
É a segunda grande ação de divulgação do cinema e das artes visuais portuguesas realizada este ano na Coreia do Sul, depois do festival de Jeonju, na primavera passada, que incluiu filmes de nove realizadores e instalações vídeo de quatro autores.
@Lusa
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