O realizador português João Canijo inicia em agosto, em Lisboa, a rodagem de uma nova longa-metragem, "Encenação", protagonizada por Miguel Guilherme, revelou a produtora Midas Filmes.

“Este novo projeto marca, sobretudo, o regresso de Miguel Guilherme como protagonista de ‘Encenação’, onde desempenhará o papel de um encenador de teatro que prepara uma nova peça, confrontado com a idade e o relacionamento com as suas atrizes”, escreveu a produtora em nota de imprensa.

Em “Encenação”, João Canijo volta a trabalhar com um elenco de atrizes que têm entrado em filmes anteriores, nomeadamente Rita Blanco, Anabela Moreira, Beatriz Batarda, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto e Carolina Amaral, às quais se juntam Íris Runa e Ana Lopes.

Esta nova longa-metragem de João Canijo tem direção de fotografia de Leonor Teles, coprodução com França e apoio financeiro do Instituto de Cinema, do Fundo de Turismo e Cinema e da câmara municipal de Lisboa.

João Canijo, que nos 1980 trabalhou sobretudo como assistente de realização, com realizadores como Manoel de Oliveira, Paulo Rocha e Wim Wenders, assinou em 1990 a primeira longa-metragem, “Filha da Mãe”, e a série televisiva “Alentejo Sem Lei”.

Desde então, trabalhou ainda em direção de produção em cinema, encenou para teatro e fez uma série de longas-metragens impregnadas de temas da sociedade portuguesa dos últimos 40 anos, observados a partir do interior de contextos familiares e com personagens femininas marcantes.

Nas narrativas de Canijo “é possível identificar alguns problemas sociais: machismo, imigração, prostituição, corrupção, marginalidade, pouca mobilidade social, dificuldades socioeconómicas, etc.”, como escreveu o investigador Daniel Ribas em “Uma dramaturgia da violência: OS filmes de João Canijo” (2019).

Exemplos desse trabalho de observação da realidade, através da ficção, são os filmes “Sapatos Pretos” (1998), “Ganhar a Vida” (2001), “Mal Nascida” (2007), “Sangue do Meu Sangue” (2011) ou “Mal Viver” e “Viver Mal” (2023).

"Mal Viver" é a história de uma família de mulheres de diferentes gerações, que gerem um hotel e "arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e rancor", abalada pela chegada inesperada de uma neta, como se lê na sua sinopse.

O filme, premiado no festival de Berlim em 2023 e que foi candidato de Portugal a uma nomeação para os Óscares, interliga-se com a longa-metragem "Viver Mal", que segue em paralelo aquela história, centrando-se nos hóspedes que passam pelo hotel.

Em 2024, João Canijo estreou na RTP a série "Hotel do Rio", que constitui a "visão total" do enredo destes dois filmes.

Tanto os dois filmes como a série contam com interpretação de Anabela Moreira, Rita Blanco, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Nuno Lopes e Filipa Areosa, Leonor Silveira, Rafael Morais e Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Carolina Amaral e Leonor Vasconcelos.