O anúncio de que Gal Gadot ia dar vida no cinema a Cleópatra, a rainha do Egipto, foi arrasado nas redes sociais, mas também surgiu um movimento em sentido contrário.

Desde domingo à noite que muitas pessoas têm manifestado o desagrado pela escolha da atriz israelita para um projeto que a vai voltar a juntar com Patty Jenkins, realizadora dos dois filmes "Mulher-Maravilha".

Cleópatra vai voltar ao cinema e a atriz já está escolhida: Gal Gadot
Cleópatra vai voltar ao cinema e a atriz já está escolhida: Gal Gadot
Ver artigo

Entre as acusações está a de que Hollywood retoma a prática de "whitewashing", escolhendo uma atriz branca para uma personagem que não é dessa etnia.

"Cleópatra vai ser o tema de outro épico de Hollywood. A interpretar Cleópatra vai estar a israelita Gal Gadot. Hollywoood escolheu sempre atrizes americanas brancas para a Rainha do Nilo. Por uma vez não podiam encontrar uma atriz africana?", escreveu o escritor James Hall.

Houve ainda comentários de contornos mais políticos, como o da jornalista Sameera Khan.

"Que idiota de Hollywood achou que seria uma boa ideia escolher uma atriz israelita como Cleópatra (uma de aspeto muito inexpressivo) em vez de uma atriz árabe deslumbrante como Nadine Njeim? E que vergonha, Gal Gadot. O seu país rouba terras árabes e você está a roubar os seus papéis no cinema...", escreveu.

Mas o movimento enfrentou outro em sentido contrário e a recordar a História Universal: é que ainda que o aspeto de Cleópatra seja debatido há séculos, é consensual que a Rainha do Egipto... era de origem europeia.

"Cleópatra era descendente de europeus, portanto eles estão corretos em retratá-la como branca. Ela não tinha descendência africana. Ela era um produto dos casamentos incestuosos da dinastia Ptolemaica. Ptolomeu era o general de maior confiança de Alexandre, o Grande, que dominava o Egipto quando a Grécia governava o mundo conhecido", recordou um utilizador do Twitter.

Em defesa da escolha de Gal Gadot também saiu o escritor israelita Michael Dickson.

"Idiotas no Twitter explodem de raiva pela escolha da 'branca, israelita' Gal Gadot como Cleópatra. Nesse processo, o mundo do Twitter recebe uma lição de História, com muitos a descobrirem que a famosa rainha era Grega".

Gérard Araud, antigo embaixador da França em Israel, também entrou na discussão.

"Cleópatra, tal como toda a dinastia Ptolemaica, era Macedónia através da endogamia familiar e do casamento com outras dinastias helénicas. Cabe à Grécia reclamar desta apropriação cultural".