"Lion – A Longa Viagem Para Casa" baseia-se na história verídica de um rapaz indiano, Saroo Brierley, interpretado por Sunny Pawar, que se perde dos pais num comboio e vai parar a milhares de quilómetros – terminando por ser adotado por um casal australiano. Já adulto, onde surge Dev Patel, tenta localizar os seus progenitores através do Google Earth.

O filme vem sendo descrito como um hábil desvio do sentimentalismo que a história poderia inspirar – embora não isento de emoção. Segundo o realizador Garth Davis, que chega ao cinema depois da série televisiva “Top of the Lake”, o seu propósito foi 'fazer o filme mais belo que conseguisse'. Para isso o cineasta percorreu, antes de fazer o filme, toda a rota do personagem pela Índia.

O realizador também confessou que o Google, que teve muita publicidade gratuita, gostou muito do filme… mas o serviço de satélite não serviu só para o protagonista: Davies usou-o para escolher locais para a rodagem.

Estreado em Toronto e comprado pelos irmãos Weinstein, uma via tradicional para os Óscares, estreia no final do mês em circuito comercial nos Estados Unidos. A Portugal, chega a 8 de dezembro.

Já os irmãos Dardenne voltam a centrar o seu drama sobre uma protagonista feminina depois de “Dois Dias, uma Noite”, onde Marion Cottilard vivia uma operária depressiva à beira do desemprego. Desta vez é uma Adèle Haenel, cada vez mais a marcar presença no cinema franco-belga, a viver uma médica com uma grave crise de consciência depois de recusar atender uma paciente que termina por morrer: "La Fille Inconnue" estreou na seleção oficial de Cannes.

A competição, por sua vez, segue com o israelita “Sand Storm”, atual candidato do país à lista do Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, e “The Last of Us”, obra sobre a imigração estreada na Semana da Crítica de Veneza.

No primeiro caso, a cineasta Elite Zexer registou a vida de uma comunidade beduína – particularmente do ponto de vista da sua estrutura familiar e dos seus casamentos arranjados. Ao drama Zexer preferiu uma observação de cunho mais antropológico. A obra estreou em Sundance, onde foi premiada, passando depois por Berlim e Toronto.

Quando a “The Last of Us”, da tunisina Ala Eddine Slim, trata-se menos de uma abordagem corriqueira da crise dos refugiados e mais uma fábula sem diálogos sobre um homem vindo da África sub-saariana que rouba um barco para atravessar o Mediterrâneo. A partir daí a história adquire contornos surreais.

Trailer "Lion – A Longa Viagem Para Casa".