Lançado nos cinemas a 8 de agosto, o filme "Isto Acaba Aqui" tornou-se um grande sucesso comercial e também um fenómeno na cultura popular, por uma alegada grande zanga entre as duas presenças dominantes: a protagonista e produtora Blake Lively e o ator, realizador e produtor Justin Baldoni.

Após três semanas em exibição, a adaptação do romance de Colleen Hoover já arrecadou mais de 242 milhões de dólares nas bilheteiras mundiais em todo o mundo (o fenómeno inclui o mercado português, visto por quase 230 mil espectadores e permanece em segundo lugar).

A história centra-se em Lily Bloom (Lively), "que supera uma infância traumática e um encontro casual com o charmoso neurocirurgião Ryle Kincaid (Baldoni) desperta uma ligação intensa, mas à medida que os dois se apaixonam profundamente, ela começa a ver partes de Ryle que a lembram do relacionamento dos seus pais. Quando o primeiro amor Atlas Corrigan (Brandon Sklenar) reaparece na sua vida, o seu relacionamento com Ryle é abalado e Lily percebe que precisa aprender a confiar na sua própria força para fazer uma escolha impossível para o futuro".

Blake Lively e Brandon Sklenar em "Isto Acaba Aqui"

Quando for altura de fazer o balanço, as receitas do drama romântico devem ficar acima dos 300 milhões, um feito impressionante num mercado dominado pelas super produções para crianças e adolescentes. E com um orçamento de apenas 25 milhões de dólares, sem incluir o marketing, "Isto Acaba Aqui" vai ser incrivelmente lucrativo para o estúdio Sony e todos os envolvidos com bónus definidos nos contratos.

Existindo um segundo livro, "It Starts With Us", seria de esperar que a Sony capitalizasse as boas notícias e até contribuísse para levar mais pessoas ao cinema anunciando a sequela, mas recentes reportagens separadas das revistas The Hollywood Reporter da semana passada e da Variety esta terça-feira coincidem nas conclusões: poderá nunca avançar por causa de uma alegada zanga entre Lively e Baldoni que saiu do interior de Hollywood para o grande público.

Mas "alegada zanga" será apenas um formalismo jurídico: embora "não consigam articular quaisquer transgressões legítimas de qualquer uma das partes", "muitas fontes" confirmaram à Variety que "a desavença entre os dois é muito real e o relacionamento pode não ser recuperável".

Uma diz: “Este é um território desconhecido e ninguém faz ideia de como seria uma sequela. Provavelmente não existe nenhum mundo onde estes dois trabalharão novamente juntos".

Justin Baldoni em "Isto Acaba Aqui"

O papel decisivo de Baldoni complica a situação pois só ele pode decidir o destino do segundo livro: conhecido principalmente pela série "Jane the Virgin", o ator montou o projeto do zero com a sua produtora Wayfarer Studios a partir de 2019, depois de convencer a escritora a vender-lhe os direitos para adaptar os dois livros, antes de "Isto Acaba Aqui" se tornar um fenómeno literário em 2021 e o maior best-seller nos dois anos seguintes.

Fontes da indústria disseram à Variety que o ideal é que não passem mais do que dois a três anos entre filmes para manter o interesse do público. E neste casoconcreto o espaço de tempo é curto antes de se correr o risco de os atores "envelhecerem" em relação à própria história, que começa alguns meses após a do primeiro livro, onde ainda entra a personagem de Ryle.

Até agora, nem Lively nem Baldoni falaram publicamente sobre o que se passou: só se sabe o que as respetivas "fontes" têm passado à imprensa depois de os fãs perceberem que os dois se mantiveram longe um do outro durante a campanha de promoção, sem entrevistas em conjunto, nem posaram juntos para fotografias na antestreia em Nova Iorque, ficando mesmo em salas diferentes. Os "detetives da internet" também descobriram que, com exceção de Hasan Minhaj, os atores e a escritora não seguem Baldoni no Instagram.

Também foi notado o grande contraste nas entrevistas sobre "Isto Acaba Aqui": Baldoni destacou os elementos da violência doméstica e Lively os da comédia romântica.

Blake Lively em "Isto Acaba Aqui"

Nas versões por vezes contraditórias sobre a zanga, Lively, que tinha sido recentemente mãe pela quarta vez, sentiu-se vexada durante a rodagem quando descobriu que Baldoni perguntou ao seu treinador pessoal quanto é que ela pesava para verem a melhor forma de não agravar os seus problemas nas costas durante uma cena em que teria de erguê-la no ar. Um segundo incidente que alegadamente deixou a atriz desconfortável foi quando os dois se beijaram e ela sentiu que o momento demorou mais do que devia.

Segundo fontes do The Hollywood Reporter, a animosidade ter-se-á prolongado na fase de pós-produção: descontente com a versão do filme apresentada por Baldoni, Lively e o marido Ryan Reynolds terão encomendado outra com "pinceladas mais femininas" a Shane Reid, editor de “Deadpool & Wolverine". E segundo o tabloide The Daily Mail, a versão de Baldoni terá "testado melhor", mas o estúdio colocou-se do lado da atriz, que terá deixado a "forte sugestão" de que só assim poderiam usar o tema "My Tears Richochet" da sua grande amiga Taylor Swift.

A atriz também fez declarações que causaram espanto dentro de Hollywood e gradualmente acabaram por se virar contra si nas redes sociais, nomeadamente sobre o envolvimento em todos os aspetos do filme, interpretado por alguns como tendo minado a função de Baldoni como realizador, e principalmente a revelação feita na passadeira vermelha da antestreia de que o marido terá ajudado a escrever uma das cenas mais importantes, a que se passa numa varanda, surpreendendo o próprio colega, que tinha ficado com a impressão que tinha sido uma inspiração da própria atriz no próprio dia. E quando já era criticada por não falar da violência doméstica, houve publicidade negativa por associar o lançamento do filme às suas novas marcas de licor e cuidados para o cabelo.

Justin Baldoni com a escritora Colleen Hoover durante a rodagem

A Sony, que distribui o filme e tem o direito de distribuir uma sequela, mostrou que está do lado de Lively: num comunicado a 14 de agosto, em plena crise das tensões on line, o presidente executivo destacou a atriz, a escritora do livro e as mulheres que trabalharam no filme, deixando de fora dos elogios Baldoni. Que, por sua vez, contratou pela mesma altura Melissa Nathan, a mesma gestora de crises de relações públicas que representou Johnny Depp durante o seu julgamento contra a antiga esposa Amber Heard.

As teorias da conspiração que circulam veem em muitas destas ações um plano para forçar Baldoni a vender os direitos para o segundo livro. Nas suas únicas declarações após o sucesso de bilheteira, este reconheceu o potencial de uma sequela, mas disse que não estava interessado em ser o realizador. E muitos começaram a ler nas entrelinhas a sua sugestão de que a própria Lively estaria preparada para esse trabalho como uma "bofetada de luva branca" a tudo o que se terá passado...

TRAILER "ISTO ACABA AQUI".