
O 82º Festival de Cinema de Veneza chegou à sua metade na segunda-feira (1 de setembro), com uma programação ambiciosa, uma série de estrelas na passadeira vermelha e notícias geopolíticas sempre no horizonte.
Eis alguns dos momentos de destaque do evento e outros que estão por vir nos dias que restam até ao encerramento, a 6 de setembro.
Opinião unânime

Dois anos depois de "Pobres Criaturas", que lhe rendeu o Leão de Ouro em Veneza, o realizador grego Yorgos Lanthimos regressou ao Lido com um grande sucesso: "Bugonia", no qual também colaborou com Emma Stone. Para este filme, entre um 'thriller' e uma comédia de humor ácido, o realizador pediu à atriz vencedora de dois Óscares que rapasse a cabeça.
Teorias da conspiração, um sequestro e extraterrestres são alguns dos ingredientes que compõem este filme de grande atualidade. Para a revista americana Variety, Lanthimos está "no auge da sua visão niilista".
Gaza

O festival começou com uma discussão entre um coletivo fundado por cineastas independentes italianos (Venice4Palestine) e a Mostra, em que exigem uma posição clara contra as ações de Israel na Faixa de Gaza devastada pela guerra.
O festival não pode ser "uma tribuna vazia", denunciou o coletivo numa carta assinada por mais de dois mil artistas, incluindo mestres da Sétima Arte como Guillermo del Toro, Michael Moore e Ken Loach.
O diretor da Mostra, Alberto Barbera, comentou apenas que "a Biennale não assume posições políticas diretas".
No sábado, milhares de pessoas manifestaram-se no Lido em apoio aos palestinianos. Yorgos Lanthimos usava um broche com as cores da bandeira palestiniana, e a cineasta marroquina Maryam Touzani e o seu marido, o cineasta Nabil Ayouch, carregaram na passadeira vermelha um cartaz que dizia "Parem o genocídio em Gaza".
As atuações

No seu oitavo filme com Paolo Sorrentino, Toni Servillo interpreta em "La Grazia" um presidente da República italiana cheio de dúvidas sobre assinar um texto que legaliza a eutanásia. Uma atuação sóbria e convincente que, em muitos aspectos, lembra o atual presidente italiano, Sergio Mattarella.
Em "Bugonia", Emma Stone e Jesse Plemons apresentam um duelo sufocante entre dois sociopatas com trajetórias opostas.
Enquanto isso, o britânico Jude Law interpretou Vladimir Putin com sucesso, graças a uma peruca, judo e muitas horas de vídeos do presidente russo.
Na segunda-feira à noite, o Lido apostou no americano-canadiano Dwayne "The Rock" Johnson, protagonista de "The Smashing Machine", um filme sobre um lutador de MMA dominado pelos seus vícios.
Impacto anunciado

Este é um filme que pode ter "um forte impacto no público", alertou Alberto Barbera ao falar sobre "A Voz de Hind Rajab" (tradução literal), do realizador franco-tunisino Kaouther Ben Hania, que será exibido na quarta-feira.
O filme conta a história real de uma menina palestiniana morta em janeiro de 2024 pelas forças israelitas, juntamente com seis dos seus familiares, quando tentavam fugir da Cidade de Gaza.
A gravação da ligação em que Hind Rajab pedia socorro, usada no filme, causou comoção mundial quando foi divulgada.
"A Voz de Hind Rajab", produzido com o consentimento da mãe da vítima, conta com o apoio de Brad Pitt e Joaquin Phoenix, produtores executivos. Assistiram ao filme e ficaram impressionados, segundo a equipa de imprensa da longa-metragem, que será exibido em festivais como Toronto, Londres, San Sebastián e Busan.
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