Se se tivesse de eleger o melhor director de fotografia da história do cinema,
Jack Cardiff seria um dos mais fortes contendores à posição. Mas além de ser um mago absoluto do
Technicolor, ele foi também um realizador de excelência, galardoado em 2001 com um Óscar especial da Academia pela sua genial carreira.
Amanda Nevill, directora do British Film Institute, não teve dúvidas em afirmar que «Jack Cardiff era uma lenda. Ele era um director de fotografia de craveira mundial que foi pioneiro nas técnicas de rodagem em Technicolor. Ele deu uma contribuição única a alguns dos melhores filmes de todos os tempos».
Nascido em Norfolk em 1914, Cardiff começou na profissão como assistente de câmara aos 15 anos, trabalhando num grande número de filmes mudos. Ascendeu a director de fotografia no final dos anos 30, sendo um dos responsáveis pelo primeiro filme britânico em Technicolor, «Wings of the Morning».
A sua grande oportunidade surgiu quando
Michael Powell e
Emeric Pressburger gostaram tanto trabalho dele como segundo operador de câmara em
«A Vida do Coronel Blimp», de 1943, que o convidaram a ser o director de fotografia do seu filme seguinte. O resultado foi inolvidável e chamou-se
«Uma Questão de Vida ou Morte» (1946), um dos filmes visualmente mais belos do cinema. A colaboração com a dupla britânica seguiu-se noutras produções que ficaram para a história, os visualmente estarrecedores
«Quando os Sinos Dobram» (1947), pelo qual ganhou o primeiro Óscar, e
«Os Sapatos Vermelhos» (1948).
Seguiu-se o salto para Hollywood, como director de fotografia de filmes tão importantes como
«Sob o Signo do Capricórnio» (1949), de Alfred Hitchcock, «Pandora» (1951), de Albert Lewin,
«A Rainha Africana» (1951), de John Huston, «A Condessa Descalça» (1954), de Joseph L. Mankiewicz, «Guerra e Paz» (1956), de King Vidor, e
«Os Vikings» (1958), de Richard Fleischer.
Entretanto, Cardiff lançou-e também na realização e depois de dois filmes modestos, «Intent to Kill» (1958) e «Beyond this Place» (1959), teve grande êxito com a sua adaptação do romance de D.H.Lawrence «Filhos e Apaixonadas» (1960), pelo qual foi nomeado ao
Óscar de Melhor Realizador e ganhou
Globo de Ouro.
Continuou a realizar ao longo de toda a década de 60, embora sem o mesmo brilho dessa película. Contudo, merece destaque, pela diferença que marcou, a película «Scent of Mistery», com Elizabeth Taylor, pela distinção de ter sido o único filme a utilizar um sistema designado
Smell-o-vision, que adicionava odores em determinadas partes do filme.
O seu trabalho em direcção de fotografia continuou sempre em evidência, adaptando-se às modas e gostos da época, mas a partir dos anos 70 o seu trabalho, sempre muitíssimo competente, deixou de ter aquela aura de excelência que quase sempre o acompanhara. Como director de fotografia, foi ainda responsável por filmes como «O Príncipe e o Pobre» (1977),
«Morte no Nilo» (1978), «Cães de Guerra» (1980), «Conan o Destruidor» (1985) e
«Rambo – A Vingança do Herói» (1985).
Em 2001, mereceu uma ovação de pé da Academia ao receber o
Óscar honorário. A descrição que acompanhava o galardão era composta apenas de
«mestre da luz e da cor».
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