«É um projecto que, de certo modo, me atiraram para fazer, porque eu pensava que já não o faria», disse o mais idoso cineasta em actividade no mundo na antestreia nacional de
«O Estranho caso de Angélica» , no Auditório de Serralves, no Porto.

Recusando comentar a sua mais recente obra,
Manoel de Oliveira definiu o filme, que chega às salas de cinema na quinta-feira, como um retrato de «uma relação entre espíritos e corpos».

«Todos os corpos são animados de espírito e quando o espírito abandona o corpo ele liberta-se da sua personalidade, deixa de ser aquilo que era», completou o cineasta portuense.

Manoel de Oliveira confessou que não tem noção da verdadeira importância de «O Estranho Caso de Angélica».

«Eu estar aqui hoje é que é importante», brincou, escusando-se adiantar pormenores sobre os seus projectos futuros, uma vez que «ainda é tudo muito duvidoso».

«O Estranho caso de Angélica» integrou a selecção oficial do Festival de Cannes 2010, sendo exibido na secção Un Certain Regard, e dos festivais de cinema de Toronto e Nova Iorque.

A obra conta a história de Isaac, um jovem fotógrafo e hóspede da Pensão D. Rosa, na Régua, que é chamado com urgência por uma família abastada para tirar o último retrato da filha, Angélica, uma jovem mulher que morreu logo após o casamento.

O fotógrafo (interpretado por
Ricardo Trêpa) descobre Angélica (
Pilar López de Ayala) e «fica estupefacto com a sua beleza», sendo que, «quando encosta o olho à lente, a jovem parece voltar à vida, só para ele».

A história do filme desenvolve-se a partir daí, com Angélica a assombrar o fotógrafo dia e noite, até à exaustão.

«O Estranho caso de Angélica» conta ainda com a participação dos actores
Leonor Silveira,
Luís Miguel Cintra e
Isabel Ruth, entre outros.

SAPO/Lusa