Primeiro foi a apresentação, na última quinta-feira, da média-metragem
«Painéis de São Vicente de Fora, visão poética» na Fundação Serralves, no Porto, uma película encomendada por aquela instituição. Segue-se, amanhã, em Santa Maria da Feira, a antestreia nacional de
«O Estranho Caso de Angélica», a mais recente longa-metragem do cineasta, que já passou por festivais de cinema de todo o mundo, incluindo Cannes, Toronto, Nova Iorque, São Paulo e Viena. Tudo provas de que
Manoel de Oliveira, no dia em que faz 102 anos de vida, continua a dar mostras de uma vitalidade inusitada até mesmo em realizadores com metade da sua idade.

Nascido a 11 de Dezembro de 1908, Oliveira filmou relativamente pouco nas primeiras décadas de vida, fruto de um modernismo e de um nervosismo criativo que o Estado Novo não soube compreender nem acarinhar. Até meados dos anos 50, Oliveira filmou muito pouco e depois começou a ganhar embalo com documentários muito elogiados e algumas longas-metragens que à época provocaram celeuma. Depois do 25 de Abril a produção aumentou, mas foi a partir dos anos 80 que Oliveira carregou no acelerador e começou a aproveitar o tempo perdido com filme atrás de filme, ritmo que aumentou ainda mais a partir da década de 90, com uma longa-metragem por ano durante os 20 anos seguintes, porventura a maior produtividade de sempre de um cineasta com mais de 80 Primaveras.

Hoje, com
«O Estranho Caso de Angélica» ainda sem data de estreia confirmada em Portugal, Oliveira trabalha já nos seus filmes seguintes, dois deles com a produtora O Som e a Fúria, responsável por películas como
«Aquele Querido Mês de Agosto», de
Miguel Gomes, e
«A Espada e a Rosa», de
João Nicolau.
Luís Urbano, responsável pela produtora, não avança ainda de que projectos se tratam, mas afirmou ao SAPO que «na verdade o Manoel tem para aí quatro ou cinco projectos, e nós estamos com dois projectos com ele, sendo que estamos a ver qual o mais indicado para começarmos. Ele anda sempre com três ou quatro projectos à frente do filme que está a fazer. É um homem muito prolífico».

O primeiro deles poderá estar pronto «já no final de 2011. Depende muito agora do ciclo de financiamento, que o filme está a iniciar. Mas o Manoel é muito rápido a filmar, portanto, se o projecto avançar já em Maio ou Junho, estaremos a trabalhar para lançar o filme no fim do ano. A partir do momento em que o ciclo de financiamento esteja garantido, é para arrancar logo», conclui o produtor.