Um português vai vestir a pele do ator Mark Ruffalo numa cena gravada em Macau da sequela de «Mestres da Ilusão», «Now You See Me: The Second Act», com estreia prevista para meados de 2016.
Carlos Canhita, de 44 anos, foi o inesperado duplo do ator Mark Ruffalo, depois de escolhido por um membro da produção em plena rua, sem «castings», mesmo quando a sua única experiência em palco remonta às peças de teatro da escola primária.
O «acaso» de ser duplo deu-se quando foi abordado por um desconhecido no final de um espetáculo ao ar livre a que assistia, com a mulher e a filha, nas vésperas das gravações do filme.
«Ele virou-se para mim, com um ar muito atrapalhado, e disse: «Peço desculpa, sei que isto lhe vai parecer estranho. Sou assistente de realização do filme «Now You See Me 2» e acho que você tem a estrutura, a altura e o tipo de fisionomia do Mark Ruffalo. Temos uma cena específica com ele nas gravações em Macau, mas o ator não vem e gostaríamos de convidá-lo para duplo». Pensei logo que era uma partida de alguém», diz o português à agência Lusa.
Tiradas as devidas medidas e fotografias, o designer regressou a casa, com o insólito episódio na cabeça, até que 15 dias depois é convocado, por telefone, a comparecer no «quartel-general» da produção. «Continuei a pensar que era uma enorme partida e fui a medo», diz Carlos Canhita, realçando que só no local percebeu que «era a sério», ao ver «o caos organizado que é uma estrutura de Hollywood», com a agitação de «camiões a descarregar material cinematográfico» e enormes guarda-roupas.
Viu-se na pele de Mark Ruffalo, que interpreta o agente do FBI Dylan Rhodes no filme, pela primeira vez no dia 10 de março, quando o maquilharam, lhe encaracolaram o cabelo e lhe fizeram provar fatos, numa caraterização que demorou cerca de três horas.
Ao espelho, não vê parecenças: «Não sou parecido, tenho a perfeita consciência disso, mas também sei que pela fisionomia e o tipo de plano que fazem é perfeitamente viável».
Carlos Canhita tem, porém, semelhanças com o ator que incarnou por um dia: praticamente a mesma idade, peso, altura. Também calça o mesmo número, havendo apenas uma ligeira diferença no comprimento dos braços, explica o designer.
Depois dos testes, foi-lhe dada uma única indicação: deixar crescer a barba. E, oito dias depois, na semana passada deu-se o grande dia: o das filmagens.
«Costuma dizer-se que todos têm os seus 15 minutos de fama, eu tive os meus 15 segundos», brinca o duplo que contracenou, por sua vez, com o duplo de Morgan Freeman, dado que o ator também não foi gravar a Macau.
«A minha única curiosidade agora é realmente de saber se vou entrar nos créditos do filme porque normalmente o duplo é citado mesmo no fim do genérico. Por mim, chega», afirma Carlos Canhita, que foi pago, mas que «faria o trabalho de graça só pela experiência».
«Foi muito giro ver como funciona um filme de Hollywood. Se tivemos cerca de oito horas de intensa ação e de caraterização em apenas uma cena, um filme deve ser uma coisa demoníaca de gravar», considera.
A cena só a soube minutos antes. Consistiu em entrar num táxi, numa rua de antiguidades, em que se cruzam figurantes e motociclos. Carlos Canhita vai à frente e o duplo de Morgan Freeman no banco de trás. Saem os dois do carro, «ligeiramente sincronizados», e seguem rumo a um vão de escada, a suposta entrada de uma loja de magia, cujo interior foi gravado em Londres, explica.
Entre o «ação» e o «corta», o designer teve oportunidade de ter «aulas» de representação com o realizador, Jon M. Chu, a pretexto da forma de andar de Mark Ruffallo, já que a cena não tem falas.
As gravações da sequela de «Now You See Me» (no título original) – que contava a história de um agente do FBI e um detetive da Interpol em perseguição de um grupo de ilusionistas que assalta bancos durante os espetáculos –, decorreram durante aproximadamente uma semana em Macau.
«Now You See Me: The Second Act», rodado também no Reino Unido, cujo elenco inclui, além de Mark Ruffalo, atores como Daniel Radcliffe, Woody Harrelson, Dave Franco, Lizzy Caplan, Morgan Freeman e Michael Caine, tem estreia prevista para junho de 2016.
«Vamos ficar ansiosamente à espera», diz Carlos Canhita.
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