A atriz norte-americana Kirstie Alley morreu esta segunda-feira, vítima de um cancro "apenas recentemente descoberto", anunciou a família nas redes sociais. Tinha 71 anos.
Natural de Wichita, estado do Kansas, a 12 de janeiro de 1951, Kirstie Louise Alley chegou a Los Angeles em 1980 por causa do seu envolvimento um ano antes com a polémica Igreja da Cientologia, onde viria a frequentar um programa para tratar a dependência da cocaína, e para trabalhar como decoradora da interiores.
Em 1982, começou a carreira como atriz com "Star Trek II: A Ira de Khan" (1982). Aos elogios e notoriedade pela interpretação de Saavik, a protegida de Spock, seguiu-se o filme "Encontro na Escuridão" (1984), a popular minissérie "Norte e Sul" (1985) e a comédia de sucesso de Carl Reiner "Escola de Verão" (1987).
O estrelato chegou ainda em 1987, quando substituiu Shelley Long na sexta temporada de "Cheers, Aquele Bar", a terceira série de maior audiência nos EUA, com mais de 20 milhões de espectadores por episódio.
Revelando impecável "timing" cómico no papel de Rebecca Howe, a independente gerente do bar que dava réplica à altura e resistia às investidas românticas de Sam Malone (Ted Danson), foi nomeada cinco vezes para os prémios Emmy e ganhou em 1991, ficando célebre o discurso célebre onde agradecia ao então segundo marido Parker Stevenson ("Marés Vivas"), por lhe ter dado orgasmos nos últimos oito anos.
Por esta altura, a carreira no cinema também estava no auge, graças ao papel da mãe solteira com um bebé com a voz de Bruce Willis na comédia "Olha Quem Fala" (1989), ao lado de John Travolta, que Kirstie Alley descreveu numa entrevista a Howard Stern em 2013 como o grande amor da sua vida e a relação só não avançou porque ela era casada. O par regressou para duas sequelas, de qualidade e sucesso cada vez menor, em 1990 e 1993.
"A Kirstie foi uma das relações mais especiais que alguma vez tive. Adoro-te, Kirstie. Sei que nos voltaremos a enconntrar", escreveu o ator nas redes sociais.
Com o fim de "Cheers" em 1993, ganhou no ano a seguir o segundo e último Emmy pelo telefilme "Por Amor de David", antes de regressar com um filme em 1995, "A Cidade dos Malditos", de John Carpenter, ao lado de Christopher Reeve, um fracasso confirmou que devia regressar ao pequeno ecrã, ainda que tenha estado a bom nível na comédia negra que se tornaria de culto "Linda de Morrer" (1999).
Nomeada para o Emmy de Atriz Secundária pela minissérie "O Último dos Padrinhos" (1997), tornou-se a seguir uma das raras atrizes a ter duas séries consecutivas de sucesso: o papel da empresária dona de uma empresa de lingerie em Nova Iorque em "Os Segredos de Veronica" valeu-lhe a oitava e última nomeação para os Emmys.
A série chegou ao fim com a terceira temporada em 2000 e só trabalhou esporadicamente antes de regressar com "Fat Actress" (2005), interpretando uma versão de si mesma que tentava perder peso e recuperar a carreira de Hollywood, que espelhava na ficção a situação de lutar contra a balança que enfrentou frequentemente na vida real, mesmo durante a fase de maior sucesso.
Outro regresso foi numa série como o seu nome, mas "Kirstie" (2013-2014), apesar de contar com Michael Richards ("Seinfeld") e ser um reencontro com Rhea Perlman ("Cheers"), só durou uma temporada.
Teve um grande regresso como vilã em 10 episódios da antologia "Scream Queens" (2016), mas as aparições a seguir tornaram-se mais escassas.
Nos anos mais recentes, fez-se notar principalmente como uma figura polarizadora pelo apoio a Donald Trump "por "não ser um político" e outras figuras do Partido Republicano, e por desvalorizar a COVID-19.
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