O saxofonista Lennie Niehaus, que teve uma longa colaboração em muitos filmes de Clint Eastwood, morreu de causas naturais aos 90 anos na quinta-feira (28), foi anunciado esta segunda (1).

Nascido a 11 de junho de 1929, conheceu Eastwood em 1953, quando serviam no Exército dos EUA em Fort Ord, na Califórnia, durante a Guerra da Coreia: o cineasta foi o seu instrutor de natação e um amor mútuo pelo jazz selou a amizade.

Começando pelos arranjos (basicamente pegando em material pré-existente para o preparar) e orquestração (adaptar para orquestra música originalmente escrita para outra instrumentação) para várias bandas e artistas, o encontro com o compositor e líder de banda Jerry Fielding em Las Vegas acabou por levá-lo de Las Vegas para Hollywood.

A relação profissional entre os dois passou por dezenas de séries, bem como pela orquestração de filmes como "Cães de Palha" (1971), "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia" (1974) e "Que Se Lixe a Taça" (1976), e quatro de ou com Eastwood: "O Rebelde do Kansas" (1976), "Harry - O Implacável" (1976), "Barreira de Fogo" (1977) e "Os Fugitivos de Alcatraz" (1979).

Com a morte de Fielding em 1980, Niehaus fez a "licenciatura" para compositor de bandas sonoras no cinema de Eastwood, a começar por "Um Agente na Corda Bamba" (1984) e a seguir "Cidade Ardente" (1984) e "Justiceiro Solitário" (1985). Fora da colaboração, destaca-se "Sigam o Pássaro Amarelo" (1985).

Se o jazz sempre esteve presente nestes trabalhos, incontornável neste período foi o trabalho em "Bird - Fim do Sonho" (1988), a biografia do saxofonista Charlie "Bird" Parker. Lennie Niehaus também ensinou o ator Forest Whitaker a tocar o essencial de tocar saxofone.

Lennie Niehaus continuou a escrever as bandas sonoras dos filmes de Eastwood até "Blood Work - Dívida de Sangue" (2002), altura em que, já com 73 anos, decidiu reduzir o ritmo.  Progressivamente, a confiança do realizador no talento musical aumentava e o amigo começou a incorporar os seus temas para piano, como aconteceu com “Claudia’s Theme” para "Imperdoável" (1992) e “Doe Eyes” para "As Pontes de Madison County" (1995).

Por volta de 2003 e "Mystic River" e "Million Dollar Baby", Clint Eastwood já estava a escrever bandas sonoras completas, mas o amigo continuou a tratar das orquestrações e da direção da orquestra até "Gran Tonino" (2008).

Nunca foi nomeado para os Óscares, mas ganhou um Emmy (televisão) pela banda sonora do telefilme "Lush Life" (1993), onde reencontrava Forest Whitaker e, naturalmente, o jazz.