Natalie Portman qualificou como "guerra civil" os ataques a tiro em escolas dos EUA esta terça-feira (4), comparando o tormento psicológico que eles causam à ameaça de ataques terroristas em Israel.

A atriz vencedora do Óscar fez a comparação antes da estreia no Festival de Veneza do seu novo filme sobre uma diva pop traumatizada, "Vox Lux", que começa com um massacre como o que ocorreu no liceu de Columbine em 1999.

"Há algum tempo que me tenho interessado pelas questões à volta da psicologia do que a violência faz com os indivíduos e com a psicologia de massa, vindo de um lugar onde as pessoas vêm sofrendo violência há muito tempo", explicou a atriz de origem israelita.

"Infelizmente, é um fenómeno que agora experimentamos regularmente nos EUA com os ataques a tiro nas escolas", constatou.

"Como [o realizador] Brady [Corbet] colocou [no filme], é um tipo de guerra civil e terror que temos nos EUA", disse aos jornalistas.

Os regulares assassinatos em massa estão a ter um "impacto psicológico em cada criança indo para a escola todos os dias e em cada pai que deixa lá os seus filhos", acrescentou. "Pequenos atos de violência podem causar um tormento generalizado".

Portman, de 37 anos, interpreta uma mulher que ficou gravemente ferida num massacre na sua escola mas constrói uma carreira pop depois de cantar numa homenagem aos seus colegas de turma.

Vox Lux

O realizador do filme, Brady Corbet, que era estudante no Colorado na época da matança de Columbine, confessou que o massacre o "marcou psicologicamente".

"Morava lá quando aconteceu. Foi perto da minha casa", disse.

Corbet, que é mais conhecido pela sua carreira de ator, estava a montar a sua premiada estreia na realização, "A Infância de Um Líder", em Paris quando a cidade foi atingida por uma onda de ataques terroristas em 2015.

"Tinha um bebé de cinco meses naquele momento, e eu e minha esposa ficámos abalados com isto. Um restaurante que foi atacado era um lugar onde íamos algumas vezes por semana", disse.

Corbet descreveu a sua história como uma "ruminação poética do que todos nós passamos. [...] Vivemos numa era de ansiedade. Estamos a ter mais noites sem dormir do que nunca".

"Quando penso sobre o que definirá o início do século XXI, especialmente como um americano, é Columbine, o 11 de setembro e a ameaça terrorista global que permeou todos os lugares onde vivi. Queria olhar para o que todos nós passámos nos últimos 20 anos", disse à revista Screen.

O realizador - um dos 21 que concorrem ao Leão de Ouro em Veneza, que será entregue no sábado - disse que demorou um ano só para editar a banda sonora do filme antes de começar a filmar.

"Vox Lux" é o segundo grande filme baseado na música pop e a ascensão de uma cantora que passou em Veneza: na semana passada, Lady Gaga recebeu boas críticas pela sua estreia como protagonista numa nova versão de "A Star is Born", de e com Bradley Cooper.