Está a realizar-se em Hollywood o "funeral" de "Batgirl", o filme para a HBO Max com um orçamento de 90 milhões de dólares que se tornou "o mais falado do mundo" no início de agosto após ser cancelado pela Warner Bros. Discovery em plena fase de pós-produção.
Segundo a The Hollywood Reporter (THR), estão a decorrer esta semana dentro do estúdio sessões secretas de visionamento para as pessoas que trabalharam no filme (atores e equipa técnica), os seus representantes e executivos.
Uma fonte da revista descreveu-as como "sessões funerárias" antes das imagens serem fechadas num cofre (físico ou digital) para nunca mais serem vistas, como aconteceu com o episódio-piloto de "Bloodmoon", o primeiro 'spinoff' de "A Guerra dos Tronos" que acabou por não avançar.
Após a fusão da WarnerMedia com a Discovery Inc., foi anunciado de surpresa a 2 de agosto que "Batgirl" não seria lançado apesar de estar quase terminado, refletindo uma mudança de estratégia da liderança da agora designada Warner Bros. Discovery no que diz respeito ao Universo DC e à HBO Max (outra vítima neste processo do estúdio foi “Scoob! Holiday Haunt”).
Com a missão de cortar três mil milhões de dólares em custos, a decisão assumida pelo CEO David Zaslav permite ao estúdio fazer uma manobra de contabilidade permitida pela mudança de mãos da empresa que só poderia ser feita até meados de agosto, assumindo que é um prejuízo da atividade e pagar menos impostos.
No início desta semana, os realizadores Adil El Arbi e Bilall Fallah (conhecidos por "Bad Boys Para Sempre") disseram que não têm quaisquer imagens do seu trabalho que tem Leslie Grace como a protagonista Barbara Gordon/Batgirl.
Numa entrevista a um canal de entretenimento francês, Bilall Fallah contou que Adil El Arbi lhe pediu para ir gravar algumas cenas para o telemóvel depois da decisão do estúdio, mas o acesso ao servidor estava bloqueado. Uma desilusão específica foi não terem nada do que fez Michael Keaton, a voltar ao papel de Bruce Wayne/Batman.
A dupla belga esclareceu que "Batgirl" não pode ser lançado tal como está: "Não há efeitos especiais, ainda tínhamos de filmar algumas cenas. Portanto, se a [Warner Bros.] quiser lançar precisavam de nos dar os meios para isso. Para terminá-lo como deve ser com a nossa visão".
Após o estúdio lhes ter assegurado que o problema não era o seu trabalho, a atriz ou a qualidade do filme, os cineastas indicaram que ainda têm esperança que venha a ser lançado um dia, mas essa decisão entraria em conflito com as regras que permitem à Warner Bros. Discovery reivindicar a redução de impostos.
Várias fontes disseram à THR que o estúdio pode mesmo tomar a medida drástica de destruir todas as imagens como forma de mostrar às Finanças que nunca arrecadará lucros com o projeto (outras fontes da revista contestam esta versão, recordando o destino de "Bloodmoon").
A notícia das sessões secretas e a possível destruição física do filme alarmaram Ivory Aquino, que interpretou a melhor amiga de Barbara Gordon, que seria a primeira personagem transgénero de sempre num filme DC Comics.
"Se este for o caso, como uma dos muitos que colocaram os nossos corações na produção deste filme, peço que essa medida seja reconsiderada”, escreveu a atriz transgénero filipina esta quinta-feira no Twitter, numa longa carta-aberta a David Zaslav.
“Por mais que tenha tentado o meu melhor para ser forte nas últimas semanas, vejo-me a chorar, à falta de um termo melhor, do luto, e esta foi uma dessas noites" acrescentou.
No texto em que pede para que se volta atrás na decisão de cancelamento, a atriz também elogia a postura de Leslie Grace nesta fase e deixa palavras de compreensão pela posição e responsabilidades do próprio CEO da Warner Bros. Discovery.
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