O documentário "Eldorado", que retrata a imigração portuguesa no Luxemburgo, é exibido esta quarta-feira no Parlamento Europeu em Bruxelas, com o objetivo de alertar os eurodeputados para as dificuldades vividas pelos imigrantes.

Segundo a deputada Marisa Matias, que organizou a iniciativa, fala-se muito 'da liberdade de circulação, de estabelecimento e de trabalho num outro Estado Membro, mas reflete-se muito pouco sobre as questões da integração de quem faz uso desses direitos'.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda recordou 'as notícias da discriminação dos alunos portugueses pelo próprio sistema de educação do Grão-Ducado', referindo-se a um estudo universitário que indica que os imigrantes podem estar a ser vítimas dos preconceitos dos professores neste país, o que levou na terça-feira Marisa Matias a questionar a Comissão Europeia.

'É muito importante que os deputados europeus tenham consciência desta questão. Num momento em que tanto se fala da construção de enormes muros como solução para tudo, é fundamental olhar para os que já foram erigidos de forma menos percetível ao olhar', afirmou a eurodeputada em comunicado.

À projeção do documentário, que foi exibido em fevereiro no Festival Internacional de Cinema do Luxemburgo e fez parte da competição oficial do Taiwan International Documentary Festival, segue-se um debate com os realizadores Rui Abreu, Thierry Besseling e Loïc Tanson.

Os realizadores filmaram durante três anos a vida de quatro imigrantes portugueses em busca do 'sonho luxemburguês': Fernando, eletricista recém-chegado ao país, Jonathan, um adolescente com dificuldades na escola, Isabel, que encontra trabalho a fazer limpezas, e Carlos, que procura a reabilitação após ter tido problemas com a justiça.

O realizador Rui Abreu disse à Lusa que o filme 'mostra a realidade' da comunidade portuguesa no país, mas há quem se queixe que "Eldorado" deixa de fora 'os casos de sucesso' da imigração portuguesa.

'Para nós era importante mostrar o que continua a ser o trabalho da maioria dos portugueses no Luxemburgo, sem negar que haja outro tipo de histórias e pessoas com vidas mais fáceis, mas é precisamente por estas vidas não serem fáceis que quisemos dar-lhes voz', explicou o realizador português, que vive no Luxemburgo desde os 11 anos.