"Se fosse produzido um filme sobre os Panama Papers, o meu irmão e eu não seríamos nem sequer figurantes", afirmou esta terça-feira em Cannes o realizador espanhol Pedro Almodóvar, que viu o seu nome vinculado a uma empresa num paraíso fiscal.

"O meu nome e o do meu irmão estão entre os nomes menos importantes que aparecem nos Panama Papers", reforçou durante a conferência de imprensa após a exibição de "Julieta", filme que disputa a Palma de Ouro do Festival de Cannes, antes de criticar: "Mas a imprensa espanhola tratou-nos como se fôssemos protagonistas".

"Há tantos nomes, não sabemos nem sequer qual é o assunto, não houve uma investigação", completou.

"Se isso não o impediu de ver o filme e gostou, isso é o essencial para mim. É o que que espero do público", afirmou o cineasta de 66 anos ao jornalista que fez a pergunta, uma resposta recebida com aplausos.

De acordo com o jornal on-line El Confidencial, que publicou em abril parte dos documentos, os irmãos Almodóvar tinham uma offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas em 1991, mas não ficou claro se a empresa chegou a ter capital.

Na altura, Agustín Almodóvar, que também se juntou ao irmão em Cannes, reconheceu em comunicado que a empresa foi criada na perspetiva de "uma possível expansão internacional" da sua produtora de cinema, mas "deixou-se a empresa morrer sem atividade porque não se encaixava com nossa forma de trabalhar".

Ainda assim, incomodado, Pedro Almodóvar cancelou todos os contactos que estavam previstos com a imprensa quando "Julieta" estreou em Espanha.