Lançado nos cinemas em 2004, "Catwoman" foi um dos primeiros filmes a mostrar super-heróis que não eram brancos. E, além disso, era uma super-heroína, interpretada por Halle Berry, ainda "fresca" do Óscar conquistado por "Monster's Ball - Depois do Ódio" (2001).
Mas o resultado foi um desastre, artístico e comercial, reconhecido por quase todos os que o viram e estiveram envolvidos no filme, incluindo por Halle Berry, que ganhou um Razzie [o Óscar para os piores] pela interpretação que foi receber pessoalmente e ficou com a carreira em mal estado durante alguns anos.
Mas passados 17 anos, a atriz não renega o filme durante uma entrevista à Entertainment Weekly: "Para mim, foi um dos maiores salários da minha vida e não há nada de errado com isso. Não quero sentir-me como 'só posso fazer coisas dignas de prémios'. O que é uma interpretação digna de prémio?"
Após descobrir que continuava a ter dificuldades em encontrar papéis de qualidade, ao contrário da maioria das atrizes brancas com os mesmos troféus e popularidade nas bilheteiras, a atriz admite que a sua carreira é o resultado pragmático tanto de necessidades económicas como de escolhas artísticas.
"É do género, 'ok, este é um filme em que não posso dizer que gosto completamente', mas isto não é um passatempo. É como sustento os meus filhos. Mas tento manter esse sentimento de encantamento e permanecer curiosa. Porque sendo uma mulher negra, nem sempre tive papéis que adoro completamente", defende.
Mas a atriz reconhece que os anos que se seguiram ao Óscar e a "Catwoman" foram difíceis, nomeadamente a narrativa de que tinha sido "amaldiçoada" pela estatueta dourada, levando-a até a deixar de falar com a imprensa.
"Pensei 'Não posso continuar a deixar as pessoas contarem-me sempre a mesma história, a mesmo versão de quem eu sou. Evoluí, segui em frente, crescei. Deixem-me viver!'", recordou.
"As redes sociais tem sido boas para mim nisso porque posso ser quem eu sou. E podem encontrar-me onde estou, não no passado", garante.
A entrevista à Entertainment Weekly teve como pretexto "Bruised", um filme muito elogiado onde, além de ser a protagonista, se estreou como realizadora, e que ficará disponível a partir de 24 de novembro na Netflix.
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