A estreia em Portugal do filme erótico
«Sex and Zen 3D: Extrema Êxtase», centrado no sexo mas com cenas apenas simuladas, está a ser recebido com a mesma naturalidade que um dia se pensou vir a ser lugar comum em tudo o que fossem películas com cenas de sexo. De facto, no final dos anos 60, a ideia geral era que a abertura de mentalidades à exposição do corpo e à liberdade sexual levariam a que, gradualmente, o sexo explícito viesse a ser integrado nas ficções cinematográficas com naturalidade. E, por incrível que isso hoje possa parecer, na década de 70 isso quase aconteceu.

Por um breve, momento, a pornografia entrou efetivamente no «mainstream», com os filmes a estrearem em salas comerciais e a serem alvo de recensão crítica em jornais de prestígio, realizadores como
Gerard Damiano a serem considerados autores, e atrizes como
Linda Lovelace a tornarem-se estrelas. A moda, que chegou a ser apelidada de «porno chic», estendeu-se até ao fim da década, mas nos anos 80 voltou a ser relegada para as salas especializadas em pornografia, florescendo especialmente no circuito de «home-video».

Eis alguns dos filmes mais célebres da época do «porno chic».

Pela mesma época, o cinema erótico também atingiu grande expressão, com a estreia de
«Emmanuelle» em 1974 a abrir caminho para uma série imensa de fitas «soft-core», que no início ainda se tentavam escudar no facto de serem adaptações de romances (de Emmanuelle Arsan neste caso, de Anne Desclos no caso de «História de O») para legitimar a adesão do espectador, mas que rapidamente começaram a criar novos enredos, quase sempre de escasso interesse cinematográfico.

A partir dos anos 80, o cinema erótico raras vezes teve grande impacto nas salas de cinema por si só, estando os poucos exemplos quase sempre associados ao «thriller», como no caso de
«Instinto Fatal».

Aí estão alguns exemplos do «softcore» cinematográfico dos anos 70, seguido de alguns fitas de grande carga erótica das décadas seguintes.

Finalmente, a ideia de que o sexo explícito viria a ser integrado de forma natural nas narrativas cinematográficas continua a ir fazendo o seu caminho, nomeadamente nos filmes de maiores pretensões artísticas.
«O Império dos Sentidos», de
Nagisa Oshima, é o exemplo máximo de uma fita de grande qualidade em que as cenas de sexo não são simuladas, e até aos dias hoje, principalmente a partir da década de 90, outros cineastas têm tentado pegar nesse exemplo para criar filmes sempre controversos, onde nem sempre a fronteira da arte e da «sexploitation» é muito nítida.

Eis algumas películas não pornográficas com cenas de sexo explícito.