François Ozon rodou o seu próximo filme numa invulgar onda de secretismo e a justificação foi o tema: a pedofilia na Igreja Católica.

No início do ano, constou que o novo projeto do realizador francês famoso por títulos como "8 Mulheres" e "Dentro de Casa" se iria chamar "Alexandre" e abordaria a crise da meia idade de três homens.

Na verdade, com o título final de "Grâce à Dieu" ["Graças a Deus", em tradução literal], o filme aborda a pedofilia na Igreja Católica e dificilmente continuará a passar despercebido: a inspiração é o célebre caso do padre Bernard Preynat, acusado em 2016 de abusar sexualmente de 70 jovens entre 1986 e 1991 na cidade de Lyon.

Com um elenco liderado por Melvil Poupaud, Denis Ménochet e Swann Arlaud, as filmagens decorreram entre março e maio, mas fora da França para evitar polémicas e perturbações na rodagem: todas as cenas de interiores dentro de igrejas foram feitas em total discrição na Bélgica e Luxemburgo.

"O filme é um retrato destes homens abusados, de como viveram o seu trauma, como conseguiram libertar-se com os seus testemunhos e quais foram as repercussões familiares e sociais. Este filme é verdadeiramente sobre o ponto de vista das vítimas", partilhou Ozon ao jornal Le Progrès.

Embora aborde também o silêncio das instituições católicas, o realizador garante que o seu 18º filme não é um processo judicial: "Não fornece respostas, mas faz muitas perguntas. Uma personagem diz que a sua luta não é contra a Igreja, mas pela Igreja. É também a minha".

Atualmente em pós-produção, "Grâce à Dieu" chega aos cinemas franceses a 20 de fevereiro do próximo ano.

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