O realizador John Carney emitiu um pedido de desculpas após ter arrasado Keira Knightley numa entrevista.
Os dois trabalharam na comédia romântica "Begin Again" (2013), lançada em Portugal como "Num Outro Tom", para associar com "No Mesmo Tom", o sucesso de 2007 que lançou a carreira do irlandês.
Depois de colocar em causa o seu talento, caracterizando-a como uma "supermodelo" rodeada de uma equipa que não descobriu a essência da personagem, Carney descreveu-se no Twitter como um "completo idiota".
A acompanhar o comentário está a imagem com o comunicado onde salienta que disse "uma série de coisas sobre a Keira que foram baixas, maldosas e ofensivas. Tenho vergonha de mim mesmo por poder dizer tais coisas e tenho tentado perceber o que elas dizem sobre mim. Ao tentar descobrir defeitos no meu trabalho, acabei por culpar outra pessoa".
"A Keira não foi menos do que profissional e dedicada durante esse filme e contribuiu imenso para o seu sucesso. Escrevi pessoalmente à Keira para lhe pedir desculpa, mas queria fazê-lo publicamente e sem quaisquer reservas aos seus fãs e amigos e quaisquer pessoas que tenha ofendido. Não é algo que alguma vez possa justificar e nunca mais repetirei."
As suas controversas declarações tinham sido colocadas em causa por três realizadores que trabalharam com a atriz britânica.
No Twitter, Mark Romanek, com quem fez "Nunca Me Deixes" (2010), disse que relação foi “totalmente espetacular a todos os níveis, não faço ideia do que este tipo está a dizer" e colocou um explícito hashtag #arrogantshithead.
Referiu ainda que a única "equipa" da atriz que recorda foi a mãe um dia visitar a rodagem durante uma ou duas horas.
Lorene Scafaria, do filme "Até Que o Fim do Mundo nos Separe" (2012) disse que Knightley era "adorável", enquanto Lynn Shelton, de "Encalhados" (2014) salientou que trabalhar com ela foi "magnífico".
Na desconcertante entrevista ao The Independent, o ataque de John Carney à atriz começou logo na resposta à primeira pergunta, sobre como se sentia com a excelente reação ao seu mais recente filme, "Sing Street".
"É fantástico. Estou muito surpreendido; é um pequeno filme pessoal sem nenhuma Keira Knightley. É realmente reconfortante".
A jornalista não pegou na deixa para insistir, mas mais à frente o realizador voltou ao tema a propósito da importância da rodagem de "Sing Street" na Irlanda.
"Tinha acabado de voltar de fazer um filme muito maior na América e estava um pouco desencantado com trabalhar com algumas estrelas de cinema nesse filme e queria uma pausa. Não gostei da experiência dos paparazzi e grandes antestreias. O mundo das estrelas de cinemas não é algo que alguma vez me tenha atraído. Gosto de trabalhar com atores e queria regressar ao que sabia e gostar outra vez de fazer filmes – não que não tenha gostado de 'Num Outro Tom', mas a Keira tem uma equipa que a segue por todo o lado, portanto é muito difícil conseguir que se faça qualquer trabalho a sério (...)"
Logo a seguir, Carney colocou em causa explicitamente o talento de Keira Knightley.
"Acho que o verdadeiro problema é que a Keira não era uma cantora e não era guitarrista e é muito difícil fazer a música parecer verdadeira se não é com músicos. E acho que o público lutou um pouco com isso em 'Num Outro Tom'. E por mais que eu tenha tentado fazê-lo funcionar acho que ela não se tornou completamente uma cantora, guitarrista e autora de canções."
O segmento mais devastador surge quando é questionado sobre as lições que retirou de "Num Outro Tom".
"Aprendi a nunca mais voltar a fazer filmes com supermodelos. Mark Ruffalo é um ator fantástico e Adam Levine é um prazer para trabalhar e de facto bastante despretensioso e sem receio nenhum de se expor à frente das câmaras e explorar quem é enquanto pessoa. Acho que é isso que é preciso ter como ator, não ter medo de descobrir quem verdadeiramente somos quando a câmara está a filmar. A coisa da Keira é esconder quemé e eu acho que não se pode ser ator e fazer isso (...) Não quero dizer mal da Keira, mas é difícil ser um ator de cinema e é preciso um certo nível de honestidade e auto-análise que acho que ela ainda não está preparada [para dar] e certamente não penso que ela estivesse pronta [para dar] nesse filme."
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