A dimensão do sucesso de
«Sniper Americano», com uma estreia na ordem dos 105 milhões de dólares,
a maior de sempre de todos em tempos em janeiro e mais do que suficiente para cobrir o orçamento de 60 milhões, deixou a indústria cinematográfica em choque, mas o tema do filme tem gerado a sua dose de polémico por causa do retratado: Chris Kyle e a fina linha que separa um herói de um psicopata.

A mais recente envolve Seth Rogen,
ele próprio não estranho a recentes controvérsias com o lançamento de «Uma Entrevista de Loucos», que escreveu no domingo à noite na rede social Twitter que o filme de Clint Eastwood lhe recordava «um pouco o filme que está a ser exibido no terceiro ato de «Sacanas Sem Lei»».

Rogen referia-se a «Stolz der Nation» [Orgulho da Nação], o filme de propaganda nazi sobre um atirador alemão que mata soldados do alto de uma torre que estava a ser exibido no cinema que reúne a elite do regime que os «sacanas» pretendem eliminar.

Mais tarde, o ator e realizador explicou que até gostou do filme e apenas disse que se lembrara da cena realizada por Quentin Tarantino, defendendo que «existe uma grande diferença entre comparar e recordar».

Pouco depois e ainda no Twitter, o filme protagonizado por Bradley Cooper era alvo das críticas indiretas do documentarista Michael Moore, que considerou os atiradores «cobardes»: «O meu tio foi morto por um atirador na Segunda Guerra Mundial. Ensinaram-nos que eram cobardes. Disparam sobre ti pelas costas. Não são heróis. E os invasores são piores».

O cineasta, famoso por criticar a Guerra do Iraque durante o seu discurso de aceitação do Óscar em 2003, alegou mais tarde que a sua mensagem não era uma referência ao filme ou a Chris Kyle, remetendo para uma nota mais longa no Facebook.

«Aqui está o que penso de «Sniper Americano»: interpretação espantosa de Bradley Cooper. Uma das melhores do ano. Grande montagem. Guarda-roupa, caracterização soberba. Ah, e é uma pena que Clint Eastwood confunda Vietname e Iraque na sua história. E que coloque as suas personagens a chamar «selvagens» aos iraquianos ao longo do filme. Mas também existe um sentimento anti-guerra que é expresso. E um final comovente [...]».

Chris Kyle foi o mais letal atirador na história do exército americano, com 160 mortes confirmadas pela Pentágono entre 1999 e 2009, de possíveis 255. A sua notoriedade era tal que os iraquianos o apelidaram de al-Shaitan («o Diabo»), mas tornou-se ele próprio um alvo quando o inimigo ofereceu uma recompensa pela sua morte.

No livro agora adaptado ao cinema, o atirador narra vários confrontos da Guerra do Iraque e o seu sofrimento, nomeadamente pelas duas vezes em que foi baleado e os dois amigos próximos que perdeu durante o conflito.

«Sniper Americano», nomeado para seis Óscares, estreia esta quinta-feira.