Filho de pais vietnamitas e com seis irmãs e dois irmãos, Ke Huy Quan tinha 12 anos quando foi descoberto num casting para "Indiana Jones e o Templo Perdido" para ser Short Round, o carteirista chinês chico-esperto parceiro das aventuras do famoso arqueólogo.
Passados todos estes anos, o ator recorda a rodagem do filme de 1984 de Steven Spielberg que o tornou uma pequena estrela como "um dos momentos mais felizes da minha vida", em que os atores e a equipa jantavam juntos e conviviam ao pé da piscina no hotel todos os dias após a rodagem e o próprio Harrison Ford o ensinou a nadar.
Apesar do gigantesco sucesso, o segundo filme da saga ganhou uma conotação racista e de promover a narrativa do "salvador branco" através da história da "Indy" ajudar os habitantes de uma aldeia indiana a resgatar uma pedra sagrada. Foi ainda acusado de sexismo por causa de mostrar a companheira do arqueólogo, interpretada por Kate Capshaw (que se casaria com Spielberg pouco depois) sempre aos gritos e a queixar-se de tudo.
"Estamos a falar de algo que foi feito quase há 40 anos. Era um tempo diferente. É tão difícil julgar algo tantos anos mais tarde. Só tenho boas recordações. Não tenho realmente nada de negativo a dizer sobre o filme", reagiu Ke Huy Quan numa entrevista ao jornal britânico The Guardian.
Novamente no centro das atenções e de uma possível corrida aos Óscares com "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", após deixar a carreira durante quase 20 anos pela falta de papéis para atores de origem asiática, o ator não só rejeita que se trate de um filme problemático como descreve o seu "Short Round" como uma personagem inovadora para o seu tempo.
"Spielberg foi a primeira pessoa a colocar um rosto asiático num 'blockbuster' de Hollywood. O Short Round é engraçado, corajoso, salva o Indy", recorda.
Ke Huy Quan diz mesmo que se tratou de um passo gigantesco de representatividade em Hollywood... antes de tudo voltar atrás: "Na altura, foi uma raridade. Muitos anos depois disso, voltámos à estaca zero".
"Sempre que precisei de ajuda, ele esteve lá", acrescenta sobre Spielberg, que, além de lhe ter dado o segundo papel mais famoso em "Os Goonies" (1985), onde era produtor executivo, nunca se esquece de lhe enviar prendas pela altura do Natal.
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