Entre elogios ao brilhantismo técnico dos filmes da Marvel e lamentos por estarem a dominar "tanto" as salas de cinema e a "arrecadar todo o dinheiro que devia estar disponível para uma maior variedade de filmes", o cineasta Terry Gilliam voltou a falar do projeto cinematográfico "O Homem que Matou D. Quixote" numa recente entrevista ao IndieWire onde descreve Paulo Branco como um "psicopata" e o compara ao presidente dos EUA Donald Trump e ao produtor caído em desgraça por escândalos sexuais Harvey Weinstein.
Terry Gilliam tem um histórico de produções problemáticas e a baseada na obra de Miguel de Cervantes demorou quase 30 anos. O produtor português foi contratado em 2016 para conseguir angariar o orçamento (cerca de 16 milhões de euros), mas segundo o realizador, avançou logo com uma vaga de despedimentos e rapidamente se tornou evidente que não estava a obter resultados, fazia birras na rodagem e alienava atores e equipa técnica.
"Ele é a versão cinematográfica de Donald Trump. Egomaníaco, megalomaníaco e semi-psicótico, e também penso que esquizofrénico... faz Harvey Weinstein parecer um tipo muito simpático com quem trabalhar", recordou.
Apesar das reservas que tinha sobre colaborar com o produtor, Terry Gilliam recorda que vinha muito bem recomendado após ter conseguido juntar o financiamento para David Cronenberg fazer "Cosmopolis".
"Para começar, a sua reputação era má. Levou algumas empresas à bancarrota, mas o [realizador] Wim Wenders adorava-o e [David] Cronenberg gostou dele, portanto, apesar de todas as minhas dúvidas, disse para avançarmos", continuou, acrescentando que ele avançou logo com uma vaga de despedimentos e rapidamente tornou-se evidente que não estava a angariar o financiamento para a produção, fazia birras na rodagem e alienava atores e equipa técnica.
A relação profissional chegou ao fim em 2017 e Gilliam avançou com outros parceiros. Desde então mantém-se uma disputa legal por causa dos direitos, o que levou a Amazon Studios a recuar na distribuição americana.
Recentes decisões do Tribunal de Grande Instância de Paris e do Tribunal de Propriedade Intelectual em Portugal foram desfavoráveis ao produtor português.
"Ele insiste e continua a perder", conclui sobre o tema.
Paulo Branco não respondeu ao pedido do IndieWire para comentar estas declarações.
"O Homem que Matou D. Quixote" teve a estreia mundial em 2018 no Festival de Cinema de Cannes (França), percorreu outros festivais e esteve em exibição em vários países.
Rodado em Portugal e em Espanha, e com interpretações de Jonathan Pryce, Adam Driver, Olga Kurilenko e da atriz portuguesa Joana Ribeiro, entre outros, permanece inédito no nosso país, apesar dos direitos adquiridos pela distribuidora NOS.
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