Na assembleia-geral realizada ontem à tarde na sede da empresa ao Lumiar, em Lisboa, abstiveram-se
Paulo Trancoso, em representação da Costa do Castelo Filmes,
António da Cunha Telles, da Filmeform, e um acionista privado, disse à agência Lusa Paulo Tancoso, presidente da assembleia-geral.

A extinção da
Tobis SA sucede à venda do capital do Estado na mais antiga produtora cinematográfica portuguesa (96,4 por cento), estando agora o processo de formalização de extinção entregue a uma comissão liquidatária, disse o diretor do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA),
José Pedro Ribeiro.

Filomena Serras Pereira, em representação do ICA, e Ana Costa, em representação dos acionistas privados, são os elementos da comissão liquidatária, disse José Pedro Ribeiro.

A Tobis SA é composta pela Tobis Film Lab, a Tobis Estúdio, Tobis Arquivo e Tobis Digital. Apenas as duas últimas são vendidas à empresa de capital angolano.

O património imóvel da Tobis mantém-se, contudo, nas mãos da empresa portuguesa, disse o responsável do ICA, acrescentando que a venda da Tobis foi «um negócio muito bom e o único caminho para assegurar que o restauro e a pós-produção digital continuassem a ser feitos em Portugal».

Questionado sobre a identidade dos compradores da Tobis, a Filmdrehtsich Unipessoal, José Pedro Ribeiro não revelou nomes, alegando que «o comprador não quer dar a cara».

Sublinhou, porém, que o Banco Privado Atlântico, um banco de investimento, entrou no negócio «apenas como intermediário».

«É normal e natural que neste tipo de negócio seja um banco a servir de intermediário, de assessor do comprador, mas tanto quanto sabemos, desconhecemos se o Banco Atlântico tem interesses nos capitais da empresa», sublinhou.

Sobre a Filmdrehtsich disse apenas tratar-se de uma empresa de capitais privados angolanos que tem sede em Portugal.

Com a dissolução da Tobis SA, há agora que pagar verbas à Segurança Social, impostos e encargos com trabalhadores e, depois, se sobrar dinheiro, será repartido pelos acionistas, explicou o diretor do ICA, acrescentando que o património imobiliário não vai ser alienado.

Sobre o património cinematográfico, José Pedro Ribeiro disse que o «Estado irá, com certeza, defender o interesse público para que fique nas mãos do Estado».

O responsável do ICA lembrou que a área de laboratório já não é lucrativa nem competitiva em lado algum do mundo, exemplificando com o caso da Kodak cuja área de película entrou em insolvência.

Questionado sobre quem receberá a renda da parte das instalações da Tobis SA que o comprador irá arrendar por cinco anos, José Pedro Ribeiro disse que os montantes serão pagos à Tobis, enquanto esta existir, sendo depois entregues à comissão liquidatária.

À margem da assembleia-geral de acionistas de hoje, José Pedro Ribeiro disse que o montante de venda da Tobis rondou os «quatro milhões de euros».

@Lusa