O filme “Vitalina Varela”, de Pedro Costa, tem estreia comercial em França esta quarta-feira, numa altura em que é editado naquele país um livro dedicado à obra do realizador português.

“Vitalina Varela” teve estreia mundial em agosto de 2019, no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios: Leopardo de Ouro e Leopardo de Melhor Interpretação Feminina para Vitalina Varela, a mulher que inspirou a história filmada por Pedro Costa.

Desde então, tem sido exibido e recebido vários prémios em diversos festivais internacionais de cinema, além de ter aparecido em múltiplas listas de melhores do ano.

“Vitalina Varela” teve estreia comercial em Portugal em outubro de 2020. A partir de quarta-feira, estará em exibição nos cinemas franceses.

Pedro Costa

A estreia comercial do filme em França coincide com a edição de “Matériaux Pedro Costa”, pela editora Les Éditions De L’Oeil, livro dedicado à obra do realizador português.

Com direção do critico de cinema Luc Chessel e do crítico e programador Cyril Neyrat, este livro reúne textos, entrevistas, fotografias e outra documentação relacionada com Pedro Costa.

Além de textos de Pedro Costa, o livro, com 480 páginas, inclui escritos de João Bénard da Costa, Shiguehiko Hasumi, Bernard Eisenschitz, Jean-Pierre Gorin, Patrick Holzapfel, Andy Rector, Cristina Fernandes, Felix Rehm, Mathieu Macheret, Jun Fujita, Miguel Armas, Mathilde Girard, José Neves e Philippe Lafosse.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro” (2014), acabando por incluir parte da sua história na narrativa, dando-lhe depois protagonismo no filme seguinte.

A narrativa centra-se numa mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Em Locarno, em 2019, Pedro Costa explicou que os filmes sobre a comunidade cabo-verdiana não são documentários: “Estamos a fazer algo um pouco mais épico”, com base numa relação que existe há 25 anos.

“Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturadas. O cinema pode protegê-las, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado”, disse na altura.