Que faria ao receber a infame notícia de que iria morrer dali a seis meses? Entrava em desespero? Escrevia um romance? Fazia o que lhe dava na real gana, sem dar justificações a ninguém? Aceitava o tratamento?

Richard (Johnny Depp) passa por todas estas dúvidas e de forma ora comovente, ora hilariante, prepara-se para enfrentar o seu fim.

Escrito e realizado por Wayne Roberts, “Adeus, Professor” é uma comédia dramática com a intenção de levar a audiência a viver com alegria e propósito. Mas a forma como o veicula é cínica, construindo uma névoa de desgraça.

Isso vê-se pela opção de Richard, que decide remeter o seu esforço final para o preenchimento dos vazios da sua vida. Álcool, tabaco, sexo e insultar qualquer pessoa que o irrite, são algumas das experiências que lhe dão imenso prazer mas que as convenções sociais foram reprimindo.

Enquanto continua a dar aulas, aguardando a aprovação de uma licença sabática, Richard vai ocultando o diagnóstico à família, vivendo então sem arrependimento ou sensibilidade.

Infelizmente, os seus propósitos são etéreos e flutuam pelo filme como o invólucro sonâmbulo que é o talento de Depp - que, fora os maneirismos habituais, continua repleto de força e carisma…mas nada mais do que isso, pois Depp é Depp, e nunca Richard. O que em nada abona a essência do filme, pois este não nos traz nem empatia, profundidade ou sentido de redenção.

São vários os momentos onde o argumentista e realizador poderia ter introduzido alguma poesia e substância: as aulas onde os alunos de Richard analisam obras da literatura norte-americana; o "affair" da esposa (Rosemarie DeWitt) com o diretor da universidade; ou quando a filha (Odessa Young) se assume como lésbica. Mas Richard concentra em si toda a arrogância e crédito, deixando tudo o resto à deriva.

Tudo se perde neste vácuo de clichés e rigidez formal que é "Adeus, Professor", muito pouco credível na narrativa que explora um homem que está a morrer.

"Adeus, Professor": nos cinemas a 1 de agosto.

Crítica: Daniel Antero

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