"Campeões" é uma comédia com a clara premissa de nos consciencializar para a diferença, confrontando o espectador com os seus próprios preconceitos, explanando diálogos discriminatórios com frontalidade.

O papel do realizador Javier Fesser não era fácil, mas este teve a capacidade de tratar um tema complexo enchendo-o de personagens com graça e harmonia, que noutras mãos e sob outro olhar, estaria sobrecarregado do “politicamente correto” e perderia ênfase cómica.

"Campeões" segue a fórmula clássica dos filmes de desporto: um treinador é forçado a construir uma equipa e a elevar os seus talentos.

Neste caso, a particularidade está no facto de que esta equipa é formada por jovens com deficiência intelectual (bem como os actores que os representam) e o talento para o basquetebol não abunda.

De intenção doce, "Campeões" tem uma narrativa previsível, onde a manipulação emocional é demasiado evidente: durante duas horas, somos despertos por uma música omnipresente e uma montagem abrupta de "sketches" humorísticos, indicando-nos como sentir.

Mas tudo é compensado com a dignidade e humor presente na excelente química entre o treinador (Javier Gutierrez) e a sua equipa, que explora personagens únicas, realizadas, resolvidas, desmistificando e elevando mais as suas personalidades do que as suas deficiências.

“Jogamos para ganhar, não para humilhar”, diz a determinada altura uma atleta ao seu treinador que os incentivava a esmagar a outra equipa… este é o mote transversal num filme ternurento, didático e, felizmente, nada paternalista, que nos deixa ainda um "twist" sobre o que significa realmente “ganhar” e ser “campeões”.

"Campeões": nos cinemas a 4 de julho.

Crítica: Daniel Antero

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