Tyler Rake: Operação de Resgate
A HISTÓRIA: Tyler Rake (Chris Hemsworth) é um destemido mercenário clandestino sem nada a perder, que recebe uma missão muito perigosa: resgatar o filho raptado de um patrão do crime internacional. Mas no mundo obscuro do tráfico de armas e drogas, uma missão já por si mortífera torna-se praticamente impossível, alterando para sempre as vidas de Tyler e do rapaz.
"Tyler Rake: Operação de Resgate" está disponível na Netflix desde 24 de abril.
Crítica: Daniel Antero
Os realizadores dos dois filmes "Os Vingadores", Joe e Anthony Russo, seguem a sua contenda de produção bem esquematizada: manter reunidos os seus actores/colaboradores mais próximos e criar filmes estrelados por cada um dos seus super-heróis da Marvel.
"21 Pontes" para Chadwick Boseman (Black Panther) já estreou, e enquanto se anuncia "Cherry" com Tom Holland (Homem-Aranha), chega-nos este "Extraction", com Chris Hemsworth (Thor) à plataforma de streaming Netflix.
No papel do macho e melancólico Tyler Rake, o ator australiano é um mercenário abalado por uma perda pessoal pronto para mais uma missão suicida, enquanto se refugia em bebida e OxyContin.
Ferozmente e em poucos minutos, mergulhamos na sua operação: resgatar Ovi (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um senhor das drogas de Mumbai, das mãos do seu rival do Bangladesh (Priyanshu Painyuli). O que faz com facilidade, mas a seguir Tyler terá de lidar com o dispositivo narrativo preferido dos irmãos Russo: uma cidade fechada por militares, como em "21 Pontes".
Para além dos seus protagonistas prediletos, os Russo contam contam com Sam Hargrave, coordenador de duplos e duplo de Chris Evans em "Capitão América: Guerra Civil", colocando-o atrás das câmaras para criar mais um balé de balas brutal e implacável.
Na estreia na realização, o que se descobre é que tem a inteligência cinética e o virtuosismo "show-off" que se pretende deste tipo de filmes: tiroteios, lutas corpo a corpo, explosões e uma perseguição de 12 minutos, onde aparentemente a câmara nunca corta, enquanto mercenário e miúdo inexplicavelmente fogem de carro, saltam telhados, atravessam edifícios e desviam-se de tiros e explosões.
"Tyler Rake: Operação de Resgate" tem a estética dos videojogos, com cenas fisicamente frenéticas e a profundidade dramática ou diversão reduzidas a punhos, tiros e varrimentos de câmara.
Apesar disso, falta-lhe algo como um "Yippee-ki-yay, motherfucker" ou "Hasta la vista, baby": o silêncio e o trauma imperam no argumento, perdendo constantemente a oportunidade de dar a Chris Hemsworth uma daquelas "catch-phrases" dignas de torná-lo um sucessor de Bruce Willis ou Arnold Schwarzenegger.
Por isso, apesar de já ter demonstrado dotes de comédia e naturalmente, carisma, o ator vê o cliché impregnar a sua fisicalidade muscular, que nada mais é do que uma bandeira de divulgação para o filme.
Felizmente, a aparição de David Harbour ("Stranger Things") chegará para salvar um pouco esta vontade extravagante e musculada, mas que se esqueceu do que mais interessa: divertir-nos.
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