A caminho dos
Óscares 2021
Wolfwalkers
A HISTÓRIA: Uma jovem viaja para a Irlanda com o seu pai para ajudar a eliminar a última matilha de lobos. Mas tudo muda quando ela se torna amiga de uma miúda de espírito livre de uma tribo misteriosa que dizem que se transforma em lobos à noite.
"Wolfwalkers": disponível na Apple TV+ desde 11 de dezembro.
Crítica: Daniel Antero
Depois de "The Secret of Kells" (2009), "A Canção do Mar" (2014), e "A Ganha-Pão" (2017), o estilo visual estimulante e lírico do estúdio Cartoon Saloon retorna para a história emocionante de "Wolfwalkers".
Ambientado no século XVII em Kilkenny, Irlanda (onde é a sede do estúdio), duas jovens raparigas tornam-se amigas e aprendem a coexistir. Uma é Robyn (voz de Honor Kneafsey), filha de Bill (Sean Bean), caçador responsável por expulsar os lobos de uma floresta, de modo a libertar espaço para a expansão da cidade. A outra é Mebh (Eva Whittaker), uma wolfwalker, uma rapariga que toma a forma de lobo enquanto dorme.
Realizado por Tomm Moore e Ross Stewart e com argumento de Will Collins, “Wolfwalkers” é um regozijo visual e artístico que floreia uma narrativa concisa sobre feminismo, empoderamento, colonialismo e a relação do homem com a natureza.
Com uma beleza hipnotizante, tanto refinada como primal, a exuberância da animação tradicional irrompe das raízes da arte popular irlandesa. Linhas de esboço brotam debaixo das cores lascivas, onde vemos que o desenho acabado existe em simultâneo da paixão, técnica e esforço que levou à sua criação.
Cada plano é um quadro para emoldurar ou uma página de uma novela gráfica, onde molduras e ecrãs divididos condicionam e guiam o olhar. Podemos escolher deleitar-nos com a fortaleza de Kilkenny, estilizada numa perspetiva bidimensional, quadrada e angulosa, de tons cinzentos; ou com a floresta, sobrenatural nas cores de outono, repleta de movimentos fluidos vindos das cascatas e dos animais mágicos.
Se isso não bastasse, a história cheia de reviravoltas previstas, mas intrinsecamente tecida num universo que vemos florar na nossa frente, é como os lobos da alcateia de Mebh: aconchegante e avassaladora.
Com "Wolfwalkers", o estúdio Cartoon Saloon crava definitivamente o seu lugar no panteão dos grandes da animação.
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