O concerto inaugural, sexta-feira à noite, lembra uma das mais citadas relações entre os dois universos: o 2.º Concerto para piano, de Rachmaninov, e a despedida de "Breve Encontro", de David Lean. O concerto vai ser interpretado pela Orquestra Sinfónica Metropolitana, o maestro Pedro Amaral e a pianista Anna Fedorova.
A programação dos Dias da Música remonta a compositores do Renascimento, como Palestrina, e segue até à contemporaneidade, com António Pinho Vargas ou Arvo Pärt, cruza música erudita, jazz, fado ou música latino-americana, e prossegue a relação música e imagem que vem desde a exibição original dos irmão Lumière, em 1895, há 120 anos.
A programação de sábado abre com Mozart e o filme "Amadeus", de Milos Forman, pelos pianistas Artur Pizarro e Rinaldo Zhok, no 10.º Concerto, para dois pianos, e a de domingo, último dia, encerra com o Requiem do compositor, pelas Voces Caelestes, a Orquestra Metropolitana e o maestro Leonardo García-Alarcon.
Mozart justifica ainda o programa "África Minha", com a Orquestra de Câmara Portuguesa, Pedro Carneiro e o clarinetista Pascal Moragués, e surge pelo Huelgas Ensemble, de Paul van Nevel, com "Ave verum", de "L'âge d'or", de Luís Buñuel.
A música de Johann Sebastian Bach é interpretada pelo Ludovice Ensemble, que lembra Ingmar Bergaman ("Sarabanda", "Lágrimas e Suspiros"), com as Suites para violoncelo, o drama de "Filhos de um Deus Menor" (Duplo concerto para violino) e "A Árvore dos Tamancos", de Ermanno Olmi (Cantata da Visitação BWV 147).
Bach é também o escolhido de Pedro Burmester que, através dele, revisita os filmes de Pasolini "Mamma Roma", "Édipo", "Accatone" ou "Teorema", num recital com imagens cedidas pela Cinemateca de Bolonha.
Beethoven, de "Laranja Mecânica", "O Clube dos Poetas Mortos" ou "Assalto ao Aranha-Céus", passa pelos pianos de Marta Menezes, Giovanni Bellucci e de Artur Pizarro, que interpreta o 3.º Concerto, com a Orquestra Gulbenkian.
John Williams, de "A Guerra das Estrelas", "Harry Potter" ou "A Lista de Schindler", surge pelos duos violino/piano de Bruno Monteiro e João Paulo Santos, Carlos Damas e Jill Lawson.
Ennio Morricone ("Era um vez na América") e Nino Rota (o cinema de Fellini) são alvo homenagens: o primeiro, pelo acordeonista Gonçalo Pescada; o segundo, por Richard Galliano.
O filme "Tous les matins du monde", de Alain Corneau, sustenta a viagem pelo barroco francês do Ludovice Ensemble, e a relação de "Morte em Veneza", de Visconti, com o Adagieto da 5.ª Sinfonia, de Mahler, é retomada pelo Amarcord Wien, enquanto "Um Americano em Paris", de George Gershwin, ganha a versão dos Couple Coffee, e Samuel Barber ("Platoon") e Stravinsky ("Fantasia") surgem pela Orquestra de Câmara Portuguesa.
O compositor russo Dmitry Chostakovitch e o norte-americano Leonard Bernstein, os portugueses Luís de Freitas Branco ou Frederico de Freitas, Yann Tiersen ("O Fabuloso Destino de Amélie"), Michel Legrand ("Os Chapéus de Chuva de Cherburgo"), Boris Bassiak ("Jules e Jim"), Josef Cosma ("As Portas da Noite") e Astor Piazzolla ("Equinox") são igualmente revisitados em Belém, a par da música do "cinema negro" e das "melodias dos anos de ouro da MGM".
Na celebração dos Dias da Música e do Cinema, os filmes mudos ganham novas bandas sonoras com o pianista João Paulo Esteves da Silva e o contrabaixista Carlos Bica ("The Navigator", de Buster Keaton), e Mário Laginha e a Big Band Júnior ("Bucha e Estica").
A solo, Laginha atravessa os universos de Riuchi Sakamoto ("Feliz Natal, Mr. Lawrence"), Ennio Morricone ("Cinema Paraíso"), Ry Cooder ("Paris, Texas") e não esquece Bernardo Sassetti ("Alice").
@Lusa
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