Bela - Desde que nasci, passo pelo menos um quarto de ano em Portugal. Além disso, os meus pais sempre mostraram determinação em me incutir, a todo o custo, as influências portuguesas.

PP - Como surgiu a música na tua vida? Foi sempre teu objectivo abraçares a música a nível profissional?

B – Ainda nem sequer conseguia falar e já cantava. Não conseguia, simplesmente, ignorar a «fome» de música que a minha alma sentia. A música é aquilo que eu sou, não posso negá-la. Nunca houve mais nada que eu imaginasse fazer com a minha vida, excepto partilhar a minha música com quem a quisesse ouvir.

PP - Integram a tua banda os teus irmãos Fernando e Gabriel. Como é trabalhar em família? A proximidade existente entre os quatro facilita, de facto, o vosso trabalho e toda a coesão que lhe é, de certa forma, imposta?

B – É bom trabalhar em família. Podemos chamar à atenção quandoé feitoum mau trabalho, sabendo à partida que, no final do dia, vamos sempre perdoar-nos uns aos outros.

PP - Na produção do teu álbum de estreia, contaste com a ajuda de alguns dos maiores produtores da actualidade, tais como Mike Fraser (Guns N’ Roses, Aerosmith), Howie Weinberg (Nirvana, Smashing Pumpkins), Jim Barr (Peter Gabriel, Portishead) e Dale Penner (Nickelback, Holly McNarland). Como é que uma cantora independente, em início de carreira, conquista a atenção dos grandes nomes da indústria discográfica mundial? Como foi a experiência de gravar com eles?

B – Eles adoraram a música e quiseram tornar-se parte da história da banda. Foi uma honra trabalhar com eles. Não gosto de trabalhar com pessoas que tenha que ensinar. Prefiro trabalhar com pessoascom quem eu possa aprender, daí que tenha sido lógico para mim incluir estas pessoas na nossa equipa.

PP - É tua intenção continuares como artista independente? O indie é, efectivamente, “the new major”? Porquê?

B – Não tenho qualquer pressa em assinar um acordo discográfico no qual não acredite, um acordo que não me deixe ser eu própria. Quero que a relação entre mim e os meus fãs seja sempre aberta, acessível e, acima de tudo, sincera e pura. Até encontrar uma editora que me permita continuar assim, não vou assinar por nenhuma.

PP - Incluiste em “the death of Gypsy X” uma cover de Don’t Cry, dos Guns N’ Roses. É uma música especial? O que motivou a sua inclusão num álbum de originais?

B – Eu vivo para os desafios. E foi desafiante fazer uma cover de uma das minhas músicas favoritas. A música diz-me muito e faz parte da minha vida, de uma forma muito íntima. Se ia fazer uma cover de uma música, tinha que ser desta.

PP - Que músicas mais tocam no teu mp3?
B - Sepultura.

PP - Ganhaste, com o single Do You Care, o concurso “John Lennon Songwriting”. Que portas se abriram com a vitória num concurso de tamanha importância? São os concursos, efectivamente, uma plataforma que ajuda à divulgação e exposição de um projecto musical?

B – Vencer o concurso “John Lennon Songwriting” significou, acima de tudo, que muitas pessoas do meio consideraram a nossa música digna de reconhecimento. No que respeita a abertura de portas… As portas que têm, realmente, importância para mim são as portas dos recintos onde tocamos. Quando vemos os fãs a entrar por essas portas com o intuito de partilharem connosco a experiência de um concerto nosso ao vivo…essas, sim, são importantes.

PP - Ao longo da tua ainda curta carreira, já visitaste inúmeros palcos, não só nos Estados Unidos, como também no Canadá, na Austráliaou até mesmo em Portugal. Que actuação recordas com mais carinho?

B – Recordo com muito carinho as actuações na Austrália, pois os fãs que temos lá são extremamente sinceros – o que é raro, hoje em dia. Mas a actuação na Madeira, no ano passado, onde, em vez que dinheiro para a banda, angariamos comida para os pobres, foi a experiência mais compensadora de sempre. Gostámos tanto da experiência que optámos por dedicar toda a nossa digressão de Inverno pelo Canadá a essa causa. E pretendemos continuar a fazê-lo. É a nossa responsabilidade como cidadãos do mundo auxiliarmo-nos uns aos outros.

PP – Quais os vossos projectos para 2010?

B – Fazer digressões e, claro, fazer música e amigos.

PP - Qual a importância das redes sociais, como o Palco Principal, na tua carreira e respectiva divulgação?

B – A Internet é um instrumento que pode tornar-se, simultaneamente, uma bênção e uma maldição. Mas o Palco Principal, especificamente, foi uma bênção, pois possibilitou a aproximação entre a Bela e os seus fãs lusófonos.

PP - Algum conselho que queiras deixas aos projectos musicais registados no Palco Principal que, como tu, queiram vingar no mundo da música?

B – Façam boa música. O mundo está à escuta!