Dois conhecidos nomes revelaram na última quinta-feira a sua homossexualidade com poucas horas de intervalo. O primeiro, Ty Herndon, de 52 anos, é uma estrela desde os anos 1990, conhecido pelas suas músicas cristãs e românticas. "Sou um homem gay fora do armário, orgulhoso e feliz", disse Herndon à revista People.

Casado duas vezes, Ty Herndon reconheceu que lutava interiormente desde a infância para assumir a sua homossexualidade. Agora tem um companheiro e garante ter conciliado a sua fé e a sua orientação sexual. "Sento-me na parte de trás do meu camião, medito e falo com Deus", declarou à revista.

Algumas horas mais tarde, inspirado pelo colega, outro jovem cantor, Billy Gilman, gravou as suas declarações num vídeo disponibilizado no YouTube. O cantor de 26 anos conta que "temia a morte" ao tornar pública a sua orientação sexual, mas ganhou coragem após vários rumores sobre a sua vida.

"Ser um cantor de country gay não é a melhor coisa que já me aconteceu", diz o artista, cujo contacto com a popularidade data de 2000, quando tinha 11 anos. "Se as pessoas não gostam da minha música, é diferente. Mas depois de ter vendido cinco milhões de discos e conquistar uma vida maravilhosa no mundo da música, compreendi que algo faltava quando nenhuma grande editora queria escutar o meu novo material", conta Gilman.

Garantindo que não se envergonha de ser gay, o cantor lamenta sê-lo "num género musical e um setor que têm vergonha de que eu seja quem sou".

Nasvhille insular

Ser abertamente gay também teve barreiras noutros géneros musicais. Elton John e George Michael, por exemplo, esperaram ser famosos para depois assumir publicamente a sua sexualidade. No mundo do hip hop o tabu continua a ser muito forte. Frank Ocean, que afirmou em 2012 que seu primeiro amor foi um homem, é uma exceção, e Jay Z elogiou a sua coragem.

Mas a sociedade norte-americana tem evoluído. Casais do mesmo sexo podem casar em 35 dos 50 estados - mais recentemente na Carolina do Sul, um estado conservador onde a música country faz parte da identidade regional.

A cultura country também não é uniforme. Dolly Parton, uma das suas figuras mais conhecidas, tem muitos fãs homossexuais. Outras duas estrelas da country, Chely Wright e k.d. lang, são abertamente lésbicas.

A vencedora da canção country do ano foi Kacey Musgraves, por "Follow Your Arrow", cuja letra alude ao amor gay e a cannabis e pede que ignorem a opinião dos outros. "Vocês dão-se conta do que isso significa para a música country?", perguntou a cantora. A canção foi escrita com Brandy Clark e Shane McAnally, ambos abertamente gays.

Mas onde chegará Nashville, a cidade do Tennessee sede da indústria da música country?

Os empresários e outros elementos influentes formam ali um microcosmos e para eles a meta são as mulheres de entre 30 e 35 anos, disse Joseph Brant, do jornal local LGBT, Out & About Nashville. "Eles não são anti-gays. Mas tentam adivinhar qual é seu público-alvo", afirma Brant, explicando que temem que essas mulheres não se apeguem muito a artistas homossexuais.

Ty Herndon e Billy Gilman são, certamente, grandes nomes, mas já o eram há muito tempo. "Se eles saíssem do armário na semana do seu primeiro hit, todo o sistema iria por água abaixo", disse Brant.

@AFP