A sigla MC tem um duplo significado para Capicua. MC de mestre de cerimónias e MC de Maria Capaz – nome do primeiro single do seu novo álbum. Esta rapper do Porto sabe que a mulher pode parecer um elemento estranho num mundo dominado por homens.
«É melhor do que muitos rappers que andam por aí» ou «para uma rapariga até está muito bom» foram alguns comentários que Capicua já ouviu no seu percurso musical. «Faz parte do processo de habituação à diferença e acho que com o tempo estas estranhezas vão deixar de fazer sentido», sublinha.
Depois de dois EP’s em coletivo e de uma mixtape a solo, o álbum «Capicua» é um retrato do dia-a-dia desta MC de 29 anos. «Tentei explorar aquilo que foram as vivências, opiniões e emoções que preencheram os últimos anos da minha vida», conta. “Este álbum destaca-se do trabalho que fiz anteriormente que nunca teve um cariz tão autobiográfico”, refere.
O local da entrevista (ver vídeo) foi escolhido, a pedido do SAPO Música, pela própria Capicua.
Porquê o mercado do Bolhão? «Porque é o coração da cidade, é o templo das mulheres tripeiras por excelência», explica Capicua. «Normalmente as pessoas associam o mercado do Bolhão à mulher do Porto e nesse aspeto é um ícone muito importante da cidade», diz a rapper que também é doutorada em sociologia.
O sotaque do Porto e a «alma tripeira» estão presentes nas suas músicas e seria impossível não estarem. «Apesar de ter estudado em Lisboa, ter vivido em Barcelona e gostar muito destas duas cidades, o Porto é o Porto. É a minha casa», remata Capicua.
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